Ginásio Comercial de Raffard – Do Fundo do Baú
O texto que transcrevo abaixo foi escrito por Maria das Dores M. Andrello, e publicado em 14 de agosto de 1936, numa época em que o A.S.A.S. e o Ginásio Comercial tinham um juntos “jornalzinho” – periódico no qual eram publicados assuntos diversos de interesse dos alunos e da sociedade rafardense. Isso há exatamente 57 anos…
Mas vamos ao texto, que vale uma atenta leitura para uma gostosa viagem no tempo:
“Raffard, para quem a vê do alto, num sobrevôo por exemplo, nota uma enorme e bem organizada usina, com considerável aglomeração de casas, circundada pelo vasto tapete dos canaviais, além de uma faixa dourada do rio.
Vista dessa maneira, a nossa Raffard de agora, com esforço de memória, podemos aterrissar os nossos pensamentos num passado longínquo, quando ela estava em fase de início e depois elevar nossos pensamentos num vôo imaginário para o futuro e pensar: “Como será Raffard daqui há alguns anos”?
Bem o passado é algo dificilmente enterrado na poeira do tempo, assim sendo podemos dizer como se iniciou a nossa cidade.
Seu princípio consta aproximadamente do ano de 1880, com a fundação da referida Usina Açucareira.
Evidentemente, naquela época, usava-se um processo muito rudimentar para se conseguir o açúcar. Não era uma usina com máquinas modernas como as de hoje. Engenhocas moviam-se, tachos ferviam, etc…
A iniciativa de fundar a tal usina foi tomada pelo inglês Henry Raffard, pertencente à importante família dos “Raffard”. Este referido homem queria construí-la em terreno que hoje está dentro de Capivari. Porém, o Conselheiro Gavião Peixoto, que era dono de muitas terras, onde hoje é Raffard, pediu a Henry que construísse a usina nesta região. Conta-se que até mesmo a porção de terra tomada pela construção, foi doada a Henry pelo Conselheiro, que não resta dúvida, tinha intenção de com tal benfeitoria, valorizar suas terras, tendo dentro das mesmas uma usina.
Assim foi feito; engenhoca montada, teve grande êxito.
A família dos “Raffard” foi adquirindo aos poucos, terras do Conselheiro Gavião Peixoto, e um dia tudo passou a pertencer à Usina de Henry Raffard.
Quanto à sua localização no mapa, Raffard está às margens do Rio Capivari, tendo como vizinha a cidade do mesmo nome, pertencendo assim à riqueza do interior paulista.
Além da ferrovia, já diversas rodovias ligam Raffard com as cidades vizinhas.
Se levarmos em conta tudo o que temos aqui, podemos notar satisfatoriamente que a nossa cidade, apesar do seu tamanho, possui tantas benfeitorias e continua numa marcha para um futuro progressista.
Grato por nos prestigiar, semana que vem publicaremos a segunda parte do belo relato feito pela pedagoga e historiadora Maria das Dores M. Andrello.