Opinião

Fraternidade e Tráfico Humano

Padre Antônio Carlos D’Elboux é pároco de Rafard (Foto: Arquivo pessoal)

Artigo | Por Padre Antônio Carlos D’Elboux

A Campanha da Fraternidade (CF) deste ano tem por tema: Fraternidade e Tráfico Humano e por lema: É para a liberdade que Cristo nos libertou, extraído da carta de São Paulo aos Gálatas, capítulo 5, verso primeiro. Cada ano a CF visa refletir um assunto concreto na vida do povo brasileiro. A escolha deste tema foi porque um número muito grande de pessoas, adultos e crianças são vítimas do tráfico, sendo a maioria delas pessoas pobres ou que vivem em situação de grande vulnerabilidade, tornando-se presas fáceis das redes criminosas do tráfico que as exploram contra sua vontade e por meios violentos.

O tráfico humano é o cerceamento da liberdade das pessoas e o desprezo da sua dignidade de filhas e filhos de Deus. Quando uma pessoa é pisoteada em seus direitos, afronta-se o próprio Deus que deseja o bem de cada um de seus filhos, suas filhas. Criados fomos à imagem e semelhança de Deus. Não podemos ser homens e mulheres indiferentes diante do sofrimento dos irmãos e das irmãs. A CF quer nos ajudar a tomarmos consciência desta triste realidade que gera sofrimentos e mortes na sociedade brasileira.

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É estimado que o crime do tráfico humano gera recursos, no mundo todo, de mais de trinta bilhões de dólares por ano aos criminosos. As vítimas são enganadas sobre suas atividades futuras e não tem a liberdade de decidir sobre sua própria vida. Quantas jovens são arrancadas de suas famílias com promessas de bons empregos em outras regiões do Brasil ou mesmo no estrangeiro, mas na realidade são transformadas em prostitutas, vivendo como escravas, com dificuldades para fugir. São ameaçadas e agredidas quando não se sujeitam aos chamados seus donos.

Quantos homens são convidados a trabalhar em fazendas no Norte ou Nordeste do Brasil com promessas de excelentes salários, mas quando chegam descobrem que já estão com uma grande dívida a ser paga devido ao transporte, à moradia e à alimentação e a dívida cresce cada vez mais tornando-os presos dos seus patrões, sendo cerceados em seu direito de ir e vir.

Os meios de comunicação noticiam volta e meia a situação de tantas pessoas que escravizam, traficam, espancam e matam irmãos e irmãs, sem respeitarem sua dignidade de filhos e filhas de Deus. As principais vítimas são mulheres e homossexuais para exploração sexual, crianças para adoção ou pior ainda, para aproveitamento de alguns de seus órgãos por pessoas abastadas; e homens para trabalhos forçados. O Brasil precisa reforçar o caráter das políticas no combate ao tráfico de seres humanos, assistindo e protegendo as vítimas do tráfico humano e prendendo e condenando os responsáveis por tais atos.

Que a Campanha da Fraternidade nos sensibilize para com esta aviltante situação e que tenhamos a coragem de denunciar estas redes criminosas que envolve pessoas poderosas e violentas. Lembremo-nos das palavras do Beato Papa João Paulo II sobre a máfia na Itália: Deus não deixará impune as pessoas que com coração cheio de maldade e obstinação causam tais sofrimentos: virá o dia do julgamento de Deus.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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