O fechamento dos lixões a partir de 2014 e a implementação de novos aterros sanitários, conforme determina a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), irá gerar forte demanda de tratamento de chorume. Segundo especialistas que participaram na manhã desta segunda-feira (27) do seminário Ecos da Sardenha, realizado em São Paulo pela Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública (ABLP), esse é o elo da cadeia que necessita de maior evolução.
No Brasil, a grande maioria dos aterros que atendem grandes centros utiliza processamento externo, ou seja, envia o chorume para as Estações de Tratamento de Esgoto (ETE). Essa prática, apesar de ainda ser a mais adequada em muitos casos, tende a se tornar inviável a longo prazo, tendo em vista as distâncias, que encarecem o processo, e a falta de controle do operador sobre a totalidade do processo.
“Os aterros correm o risco de deixar de ser atendidos pelos órgãos gestores das estações, como aconteceu na Europa. Por isso, é preciso buscar as alternativas antecipadamente”, avaliou o espanhol Juan Fornieles, da Hera Holding, empresa especializada no tratamento e reciclagem de resíduos.
O coordenador de Gestão Final da Vega Ambiental, Alexandre Ferrari, defendeu o emprego de soluções conjuntas para o tratamento do chorume. Ele expôs a experiência da empresa nos aterros de São Leopoldo e Rio Grande (RS) e da unidade recém-inaugurada em Belfod Roxo (RJ).
A Vega realiza o desenvolvimento de tecnologias na unidade de São Leopoldo, onde são empregadas as soluções de sistemas de lagoas, tratamento externo e as modernas tecnologias de evaporador e cobertura flutuante de lagoas. “Não podemos falar em apenas uma tecnologia; será necessário o emprego de um conjunto de soluções de ponta”, afirmou Ferrari.
Fornieles aponta, ainda, a necessidade da correta medição e identificação das características de cada aterro antes da definição da solução a ser utilizada. “Outro ponto fundamental é empregar medidas que evitem o aumento de produção de chorume, dentre elas as que reduzam ou eliminem a penetração das águas das chuvas na massa do aterro. No Brasil, que tem regiões de alta precipitação fluvial, esse ponto requer atenção especial”.
O Seminário Ecos da Sardenha prossegue até terça-feira (28), no Instituto de Engenharia, em São Paulo.
Sobre a ABLP
A Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública – ABLP é uma associação técnica fundada em 1970 para estudar, debater e divulgar as artes e as técnicas multidisciplinares, necessárias para a correta gestão da limpeza pública, tratamento de resíduos e disposição final dos rejeitos.
Desde a sua fundação, a ABLP realiza congressos, encontros e seminários em diversas cidades brasileiras. A partir de 2000, esses eventos foram agregados e passaram a se chamar Seminário Nacional de Limpeza Pública (Senalimp) que já está em sua 13ª edição.
Outra importante atividade da entidade é a Revista Limpeza Pública, que começou a ser publicada em janeiro de 1975 e se mantem como uma das únicas dedicadas ao assunto limpeza pública e resíduos sólidos na América Latina.
Cumprindo um dos seus principais objetivos, a ABLP sempre participa de comissões, nosdiversos níveis de governo, para a elaboração de projetos de normas e leis ou na revisão e atualização das mesmas.
Os Ministérios das Cidades e do Meio Ambiente, o CONAMA, a ANVISA, o CONESAN e a ABNT têm recebido colaboração permanente da entidade.