O Governo do Estado de São Paulo deve anunciar na próxima terça-feira, 17 de agosto, o fim das restrições ao funcionamento dos comércios e serviços em todos os municípios paulistas.
É um momento aguardado por empresários, lojistas, comerciantes e prestadores de serviço, mas, que ainda deve ser confirmado pelo governador João Dória. Ele antecipou a informação da medida, em coletiva, no final do mês de julho.
A possibilidade do retorno do funcionamento do comércio, com 100% da capacidade, está relacionada com a queda no número de óbitos e ocupação de leitos de UTI por Covid-19. Outra motivação, é o avanço da imunização no Estado, que pretende vacinar toda a população adulta, com pelo menos uma dose, até a próxima segunda-feira, 16 de agosto.
A notícia animou os pequenos empresários, comerciantes, lojistas e prestadores de serviço, que durante a pandemia, viram os clientes desaparecerem e os lucros despencarem.
Apesar do otimismo, para muitos deles, a expectativa é que a economia comece a se recuperar, com efeitos mais concretos, mais para o final de 2021 e início de 2022.
Para falar sobre esta nova fase, que prevê o fim das restrições aos setores de comércio e serviços, a reportagem do jornal O Semanário ouviu aqueles que enfrentaram maus momentos durante a pandemia, com dias de portas fechadas e amargando quedas no faturamento.
Bares e Restaurantes
Não foi fácil para o empresário Luís Tiago Albiero, proprietário do Tarê Pizza e Sushi. ter que fechar as portas, por conta da pandemia, justamente quando os investimentos começavam a dar resultados.
“Quando começamos a decolar, veio tão rápido a pandemia, que cortou nossas asas. Na incerteza de tudo o que estava acontecendo, chegamos a pensar em falência”, revela Tiago, que há nove anos abriu seu restaurante em Capivari.
Para superar o período mais crítico da pandemia, quando funcionários chegaram a ser demitidos, Tiago conta que foi preciso criatividade para adaptar o cardápio ao delivery, sem perder a qualidade.
No momento, o restaurante funciona até às 23h, o quadro de funcionários já foi retomado em 90%, e tudo já está quase de volta à normalidade.
Sobre as expectativas para o fim das restrições, o empresário mantém o ânimo, mas também afirma que é preciso cautela.
“Há uma esperança muito boa de retomada, mas ainda prefiro manter a cautela. Vivemos um cenário de muita incerteza para novas contratações e investimentos, e ainda, tem outro agravante para o nosso setor, o custo elevado que chegou a matéria prima”, conta Tiago.
Ele menciona a alta entre 50% até 100% no preço dos alimentos, indispensáveis para o cardápio do restaurante.
“Os alimentos, que são nossa matéria prima, subiram muito durante a pandemia. Esperamos que isso também venha a melhorar nos próximos meses, pois não dá para repassar, mais uma vez, este custo aos nossos clientes”, finaliza o empresário.
Automóveis
No ramo das concessionárias de venda de automóveis, a expectativa é que os clientes voltem às lojas físicas para ver de perto as novidades do mercado.
É o que espera o empresário Fabiano Haddad, diretor da Capivari Automóveis, Concessionária Volswagen, que desde março deste ano, está em sua nova sede, na avenida Piratininga. Por conta da pandemia, ele teve que adiar a inauguração presencial.
“O que sempre fazíamos era receber nossos clientes para uma visita, um café e um bate papo na loja. Aqui, na nova sede, isso ainda não foi possível por conta da pandemia. Nossa expectativa é que agora, com o comércio liberado, seja possível fazer uma inauguração com a presença dos clientes”, diz Haddad, que há 26 anos está à frente da concessionária.
Para o mercado da venda de automóveis, o empresário acredita que o fim das restrições e a retomada do comércio trazem de volta a oportunidade de ver cliente na loja, o que para ele, faz toda a diferença, mesmo com todos os investimentos e resultados positivos das vendas pela internet.
Fabiano relata que na Capivari Automóveis, a pandemia trouxe uma queda na venda de veículos, na casa dos 70%. No período mais crítico, o carro chefe da concessionária foi a venda de peças originais e a prestação de serviço, que mesmo tendo uma em torno de 30%, manteve o faturamento da empresa.
Construção Civil
Nas casas de materiais para construção, os prejuízos da crise causada pela pandemia não foram sentidos, pelo contrário, houve até um aumento na procura por materiais para reformar ou construir.
Na loja Quatro Irmãos Materiais para Construção, em Capivari, a fase mais crítica foi quando o atendimento aos clientes só podia funcionar por delivery, mas, com adaptações, foi possível manter as vendas.
Se as lojas de materiais para construção não estão com desfalque nas vendas, por outro lado, os comerciantes deste setor sofrem com a falta de mercadorias para repor os estoques. Faltam pisos, azulejos, portas, janelas, entre outros itens difíceis de encontrar para entrega rápida ao cliente.
“O ramo da construção civil teve poucos impactos na pandemia, tivemos, inclusive, aumento nas vendas, mas o que falta é produto no mercado. Antes uma mercadoria que eu conseguia entregar em duas semanas, agora chega a demorar 60 dias”, diz Valentin Bortolucci Lobo, proprietário da Quatro Irmãos.
Para o segmento, a esperança é que com o fim das restrições, a produção volte a subir, e a demanda do mercado seja suprida o mais breve possível. “Precisamos que volte a produção. Nós dependemos uns dos outros, e esta nova fase, nos traz um pouco mais de otimismo”, encerra Valentin.
Barbearia
Se for confirmado o fim das restrições, na próxima semana, a Premium Barbearia, do empreendedor Danilo Rodrigues de Oliveira, será um dos espaços comerciais beneficiados.
Danilo está no ramo de barbearia há quatro anos. Ele começou na sua própria casa, em Rafard, e em novembro de 2020, em plena pandemia, resolveu investir e se mudou para uma sala comercial na avenida Piratininga, em Capivari.
O barbeiro conta que, nos períodos mais críticos, passou por meses difíceis, com as portas fechadas e as contas chegando, mas, com a flexibilização dos serviços e as medidas de segurança, os clientes começaram a voltar, e a barbearia vai se recuperando aos poucos.
A esperança de Danilo é que os clientes sintam segurança em voltar a frequentar locais, como a Premium Barbearia.
“Com o fim das restrições e com o avanço da vacina, acredito que os clientes vão se sentir mais seguros em ir até os locais de comércio e serviço. Minha esperança é que este decreto, que normaliza o comércio, seja o divisor de águas desta pandemia”, finaliza o barbeiro.
Academia
Esperança e expectativa de crescimento, são o que define a visão otimista do sócio e proprietário da Academia Body Gym, de Capivari, o empresário Flávio Baggio.
Há cerca de dois anos, Baggio e seus outros dois sócios, decidiram comprar a Body Gym e iniciar um projeto ousado de abertura de uma unidade em Capivari e outras duas em cidades vizinhas.
O projeto segue com perspectivas para os próximos anos, mas, da mesma forma que em quase todos os setores da economia, os prejuízos e as perdas financeiras chegaram com o coronavírus e fizeram um bom estrago nas finanças da academia.
“A pandemia, com certeza, trouxe perdas e prejuízos difíceis de serem calculados. Para nós, foi bastante complicado a perda dos alunos e a queda na receita, foram momentos bem difíceis”, explica Baggio.
Com o avanço da flexibilização e boa parte dos alunos de volta, as perspectivas de novos são boas. Baggio acredita que a retomada da economia, além deste ponto importante, que é o fim das restrições, também está ligada à segurança do cliente.
“Tem ainda, além do fim das restrições, a vacinação e a redução do número de casos, que são fundamentais nesta retomada, mas, aliado a tudo isso, temos um grande potencial para o mercado de academias, que é a busca por mais qualidade de vida, num ambiente cada vez mais seguro”, confia ele.
O empresário afirma que estudos ligados à área de Educação Física mostram que a prática regular de exercícios físicos aumenta em até 30% a resistência do sistema imunológico, sendo assim, as expectativas para o ramo de academias são promissoras.
“Tenho esperança nesta retomada, e desejo que traga bons frutos, para que possa voltar a equilibrar a economia”, afirma.
Eventos
Os serviços ligados à promoção de eventos foram, sem dúvida, os mais prejudicados pelos efeitos econômicos nocivos da pandemia.
O setor, que vinha aquecido, foi o primeiro a ver a agenda de eventos ser toda cancelada. Além disso, de acordo com as previsões das autoridades sanitárias, serão os últimos a voltarem na ativa do mercado.
Com uma possível retomada de pequenos eventos, ainda a serem confirmados a partir de setembro, o decorador e proprietário da empresa Alex Camargo Decorações e Eventos, começa a planejar o retorno de suas atividades, mas ainda sem grandes expectativas para 2021.
“Foi um período muito difícil, tínhamos uma média de três eventos por final de semana, chegando a 12 por mês, aí veio a pandemia e todos foram cancelados ou remarcados”, revela Alex Camargo.
Com o fim dos eventos, ele teve que se reinventar e agora trabalha administrando salas comerciais, ramo de atividade, que segundo ele, irá conciliar com os serviços de festas e decorações.
Mesmo com poucas expectativas de contratos para os meses que ainda faltam para findar 2021, o decorador acredita que o fim das restrições, anunciada pelo Governo do Estado, é uma notícia promissora.
“Com a retomada do comércio e serviços, começamos a acreditar que vai melhorar. As pessoas ainda têm muito medo, mas com o avanço da vacina e a queda no número de casos, o nosso ramo de eventos, vai voltando aos poucos, mas a nossa esperança, mesmo, de retomada, é para 2022”, finaliza Alex.