Nossas escolhas são feitas a partir de critérios subjetivos ou objetivos. Os subjetivos são de ordem afetiva e sensorial, são escolhas que agradam os sentidos, os apetites e vontades. Podemos dizer que são escolhas que aquecem o coração e alegram a alma, quando são escolhas saudáveis e lícitas.
Os critérios objetivos partem de um raciocínio mais lógico e exato. Após analisar diversos aspectos e possibilidades, a pessoa objetivamente faz uma escolha. Esses critérios fazem parte do nosso cotidiano, e não há nenhum problema se algumas decisões forem tomadas simplesmente com base no sentimento, no entanto, há escolhas que exigem maior reflexão.
Quando estamos diante de situações que vão além do âmbito pessoal, afetando o coletivo, a decisão do indivíduo exige maior objetividade. O tema da política é uma dessas situações, pois o resultado das escolhas individuais vai direcionar a vida coletiva. Daí a importância de saber quais são os critérios usados pelos indivíduos para fazer suas escolhas políticas.
É crucial distinguir se por trás da decisão de voto existem critérios objetivos ou interesseiros, se são escolhas que derivam de uma análise e discussão mais objetiva e possível. O eleitor deve distinguir entre promessas de campanha, projeto de governo e projeto pessoal de poder.
Um candidato deve se destacar pelos seus valores humanos, pois isso define o seu caráter. Os valores humanos são ensinados e aprendidos no contexto da família, da sociedade, da cultura e da fé.
Uma pessoa de bom caráter possui fortes princípios morais, integridade e honestidade em suas palavras e ações; assume responsabilidades, considerando as consequências do que faz; tem senso de justiça, mostrando imparcialidade, e ao mesmo tempo tem compaixão e empatia, demonstrando uma real preocupação em cuidar das pessoas.
O bom caráter demonstra respeito no trato com as pessoas, não considera apenas cargos e funções; é humilde, tendo percepção equilibrada das próprias qualidades e limites; não é arrogante, o que lhe permite buscar a colaboração dos outros.
Um ponto que deve ser observado com atenção na escolha dos candidatos, para qualquer cargo, é se o candidato é defensor da vida, do princípio até o seu fim natural. Pois além de cidadãos, somos homens e mulheres de fé, de princípios cristãos.
Essa distinção se faz necessária porque um candidato pode aparentar fortes valores humanos, ter um bom caráter, mas defender posições contrárias à vida.
Nesse caso, um cristão não pode considerar esse ponto como secundário em relação aos outros, na hora de escolher em quem vai votar. O candidato que for eleito deverá representar legitimamente o pensamento e a vontade dos seus eleitores.
A participação em todo o processo eleitoral, antes e depois da votação, é também uma responsabilidade cristã, na qual os leigos têm um papel fundamental e proativo.
A consciência cristã, embasada no Evangelho, gera valores dos quais não podemos abrir mão e, além disso, temos que defendê-los em todas as instâncias. Nas próximas eleições, teremos que fazer escolhas de prefeitos e vereadores.
Nossas escolhas deverão refletir os princípios democráticos e também nossa consciência cristã. Não devemos e não podemos votar como se estivéssemos lançando dados num jogo. Eleição é coisa séria, que exige pensar e discutir sobre o futuro que esperamos.
Dom Devair Araújo da Fonseca
Bispo de Piracicaba