31/08/2015
Fazenda Itapeva: ‘casas estão sendo construídas de maneira desordenada’, diz vereador
Em tribuna, Luiz Antônio Ferreira Brito afirmou que as moradias não estão sendo construídas apenas por famílias das colônias, conforme solicitado pela empresa Radar, doadora das terras, à Prefeitura
RAFARD – O vereador Luiz Antônio Ferreira Brito (SDD) cobrou fiscalização em cima das casas que estão sendo construídas em regime de mutirão na Fazenda Itapeva. Na sessão do último dia 18, na Câmara, o parlamentar contou que o volume de moradias está crescendo muito e de maneira desordenada. Ele disse temer que o local se torne uma favela e também reclamou da água que é fornecida lá: “não dá para beber”.
No ano passado, a Prefeitura recebeu em doação da empresa Radar 17,702 hectares de terra, que correspondem à Capela de Itapeva e seu entorno. Em troca, o governo municipal deveria desocupar as casas das fazendas Coqueiro e Leopoldina e auxiliar na construção, em regime de mutirão, de moradias na Itapeva, a fim de abrigar, preferencialmente, as 27 famílias despejadas das duas colônias.
Em janeiro deste ano, a Prefeitura anunciou que três residências já estavam sendo levantadas com o material das casas demolidas. Na época, a administração também havia dito que, desde a assinatura do documento da doação, em novembro, estava “caminhando com passos largos para o desfecho do projeto”. No entanto, a escritura da área não foi regularizada até o momento.
Segundo Brito, as casas não estão sendo construídas apenas por moradores das colônias. “Tem gente de tudo quanto é lugar e os caras que estão precisando mesmo não têm nada”, afirma. “Inclusive, o Wagner [Bragalda, presidente da Câmara de Rafard] já agendou com o André [del Gaudio, responsável pela Divisão de Sustentabilidade da Radar] para negociar isso, passando pra gente o que está acontecendo.”
O parlamentar defende a criação de uma comissão de habitação, no intuito de fiscalizar a construção das moradias. “Se não vai virar uma favela aquilo lá, daí não vai ter mais jeito. Não quero nem estar vivo para ver”, diz. “Se a gente não impor, não fizer funcionar aquilo lá, vai virar um ‘Deus nos acuda’.” Ele também reclamou da água: “Se você lavar seu carro fica enferrujado. É pior do que água do mar. Está muito salgada.”
Questionada, a Prefeitura não quis se pronunciar sobre as casas da Fazenda Itapeva, com a justificativa de que tem apenas um contrato de promessa de doação com encargos e não a escritura do terreno. Por outro lado, o prefeito César Moreira (PMDB) garantiu que tem trabalhado bastante pelos moradores da zona rural, e destacou que, “enquanto chefe do Executivo, não admitirá este tipo de atitude”.
“A situação apontada acontece há muitos anos e até hoje ninguém que passou por Rafard havia feito nada oficial e de grande relevância para melhorar as condições da fazenda”, diz. “Agora que iniciamos as tratativas para conquista da terra para o município para posterior construção começam as críticas e aparecem pessoas querendo fazer uso político da área”, acrescenta o prefeito.
Moreira frisou ainda que o Poder Executivo, em conjunto com a Radar, que legalmente continua sendo a proprietária das terras, está trabalhando pelo bem-estar dos moradores da área rural. “População esta que até alguns meses atrás estava com carta de despejo nas mãos sem perspectiva alguma de onde morar”, lembrou ele sobre as casas que seriam derrubadas pela usina, dando continuidade às demolições na fazenda.
Em relação às críticas à água, Moreira disse que ela é “naturalmente um pouco mais salobra há pelo menos 30 anos”. “Consumi a água por diversos anos enquanto morador da fazenda e nunca me fez mal. É apenas uma característica do local”, afirma. Apesar disso, ele garantiu que, assim que a documentação for regularizada, vai cuidar para que seu gosto “chegue mais agradável na casa dos moradores”.