Carta do Leitor

Família diferente – Carta do Leitor – Por Sara Figueiredo

Segundo dicionários, sites e qualquer fonte de pesquisa, uma família é composta por um grupo de pessoas ligadas entre si por sangue, parentesco, etc. Normalmente, constituída por um pai, uma mãe e filhos. É curioso ainda ouvir o termo, sendo hoje em dia esse determinado grupo, um símbolo tão distinto e diferente. Foi semana passada que pude reparar o quanto sou grata a Deus, por, ao invés de ter a tão conhecida família tradicional, eu ter comigo uma família diferente.

Diferente talvez não seja o termo certo, ao menos para mim. Criada por minha mãe e minha avó, sempre vi amigos e coleguinhas levarem os pais, os homens da família, àquela festinha da escola, onde era comemorado o Dia dos Pais. Eu poderia ser considerada como uma menina diferente. Quantas vezes sendo buscada pelo tio querido, quantas vezes minha mãe, batalhadora e esforçada, foi uma das únicas mulheres presentes naquela festinha. Até hoje me lembro da camisa do tio, que servia para a foto da lembrancinha, para aquele membro da família que, por algum motivo, não esteve presente em minha vida. Eu poderia questionar, poderia até não entender, mas a verdade é que, mal eu sabia, um dia eu conheceria alguém que preencheria esse vazio, de forma tão maravilhosa e completa.

Bem diferente do que aprendemos nos contos de fadas, uma madrasta ou um padrasto nem sempre são os vilões da história. Pelo menos não foi da minha. Ele não foi uma figura colocada ali. Não foi alguém que me tratou como filha apenas por conotação. Ele foi e está sendo o pai, a figura paterna, aquele que várias vezes eu senti falta por uma ausência difícil de explicar. E é por isso que hoje contesto a afirmação de que família é só aquela de sangue.
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Algo que sempre me foi interessante, talvez até curioso, foram os irmãos. Meu marido, que tem cinco, não cansa de contar quantas coisas já passou com eles, quantas brincadeiras, quantas aventuras. Minhas amigas ou colegas, sempre me relatando as roupas emprestadas, os presentes divididos, os segredos compartilhados… Sendo filha única, aquilo para mim era uma coisa incrível! Como deveria ser bom ter alguém próximo, a quem pudesse fazer todas essas coisas e ainda chamar de irmão. E novamente, é aí que eu posso dizer, o quanto sou feliz por ter a família diferente. Podemos não ser dos mesmos pais, mas temos o mesmo sobrenome. Podemos ter dez anos de diferença, mas nos entendemos como ninguém. Moramos longe? Sim, um pouco. Mas o que importa? Aos olhos de fora, somos primas, mas como nós duas sabemos, por dentro, somos irmãs.

Poderia ficar linhas e linhas descrevendo quantas pessoas fazem parte de minha vida, sendo ou não parentes, sendo ou não de sangue, e ainda me são uma família. Pessoas que conseguiram um lugarzinho em meu coração, de forma especial. Não só pessoas, não é? Também aquela cachorrinha que, desde sempre, me acompanha como uma filha, uma parceira que sei irá fazer muita falta quando partir. Por isso, assim como diz a cultura havaiana, ou para ser mais exata, Lilo & Stitch, na animação: “Ohana, quer dizer família. Família quer dizer nunca mais abandonar, ou esquecer.”

Por Sara Figueiredo
Estudante de Letras – Português/Inglês

 

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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