Rubinho de Souza

“Eu te amo, meu Brasil”

logo do fundo do baú raffard

A foto das alunas do Grupo Escolar Prof. Luiz Grellet, segurando o cartaz com os dizeres: “Eu Te Amo, Meu Brasil”, retrata fielmente a época dos Governos Militares, cujos dizeres, foi título de uma canção composta pelo cantor Dom, da dupla brasileira Dom & Ravel, que fez sucesso nos primeiros anos da década de 1970.

No entanto, a música acabou por tornar-se mais conhecida pela sua interpretação através da banda “Os Incríveis” no ano de 1970, e a canção, além de mostrar a diversidade do Brasil, tanto cultural como fauna e flora, ainda enaltecia o país, mostrando como o Brasil era, ou seja, retratava nosso país como sendo um lindo país e uma potência.

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Seu inesquecível refrão, era: “Eu te amo meu Brasil, eu te amo… Meu coração é verde, amarelo, branco, azul-anil” que tocava praticamente em todas as rádios do país, quase o dia todo, tanto é verdade, que ainda hoje, é lembrada por muitos daqueles que viveram essa época.

Era um período em que a economia brasileira crescia e era influenciada pela propaganda governista, fazendo surgir um clima de ufanismo, de patriotismo e slogans tais como: “Brasil, Ame-o ou Deixe-o”; “Este é um país que vai pra frente”; “Brasil Grande” e “Ninguém segura este país”.

Em junho de 1970, a seleção brasileira de futebol ganhou a Copa do Mundo no México, tornando ainda mais forte a ideia de nacionalismo e exaltação do país, tanto do povo quanto da natureza, que ficava bem clara na letra da música, notadamente nos versos: “As praias do Brasil ensolaradas…O céu do meu Brasil tem mais estrelas, lá, lá, lá…O sol do meu país, mais esplendor…A mão de Deus abençoou, em terras brasileiras vou plantar amor”…

Mas nada pegou mais forte e ficou gravado na mente dos brasileiros do que a constante repetição dos versos “Eu te amo, meu Brasil, eu te amo”, o que justifica nos desfiles escolares da época (foto) as alunas com o cartaz, com os mesmos dizeres da música…

Alguns analistas, afirmavam que havia uma relação entre a música e a poesia romântica “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias, mais especificamente com a sua segunda estrofe: “Nosso céu tem mais estrelas, nossas várzeas têm mais flores, nossos bosques têm mais vidas, nossa vida mais amores”.

Verdade seja dita e repetida, a canção teve um sucesso estrondoso, pois, além de ser tocada dia e noite nas rádios e televisões e passou também a ser cantada em escolas e solenidades públicas, ao ponto de o governador de São Paulo, que na época era o sr. Abreu Sodré, chegar a propor que a canção fosse adotada como uma versão popular do Hino Nacional.

Com isso, a dupla Dom e Ravel viraram celebridades de uma hora para outra, chegando mesmo a ser recebidos pelo então Presidente Emílio Garrastazu Médici, que se declarou publicamente fã incondicional da marcha e da dupla.

Os irmãos cantores, sempre negaram que a música fosse encomendada, e que estavam apenas entrando no clima da época, alimentado não só pela propaganda oficial, mas também pelos principais jornais, revistas e televisões do país, que batiam o tambor para o “milagre brasileiro”.

Podem criticar, podem divergir, mas a maioria das pessoas que nessa época, eram estudantes, hão de se lembrar com saudades desse tempo dourado, do qual me considero um privilegiado por ter vivido, pois imperava o respeito para com todos, visto que havia muito mais amor entre as pessoas, tanto que, nas cidades do interior, como a nossa, os moradores, eram como se fosse uma só família que se ajudavam mutuamente.

Mas os anos foram deixando suas marcas, trazendo mudanças de comportamento nas sociedade, e hoje só nos resta o saudosismo, recordando o que vivemos ao olhar a foto do desfile na Maurice Allain, o que nos aviva a memória, que o tempo tenta apagar…

Por hoje é isso. Se Deus deixar, semana que vem tem mais. Abraço meus caros.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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