Levantei de manhãzinha, sentei no banquinho de madeira
como faço todo dia, enquanto esquenta a água na chaleira.
Tô ali, picando meu fumo de corda, já deixo as palhas todas picadas na carteira.
Logo ali no terreiro, uma gigante e velha paineira.
E o que me chamou a atenção: um lindo sabiá coleira.
Com seu canto alegre, mandando pra bem longe,
sem microfone, sem autofalante, despertando a vizinhança inteira.
Enquanto ele canta bonito de se escutá,
vai pulando de galho em galho, alegre também deve tá!
A sua companheira acompanha com seu piá.
Me sinto feliz aqui na minha casinha, e todo dia é sempre iguá!
Enquanto ferve o café, vou escutando o canto do sabiá.
Depois de tomar café, vou saindo devagar
com a minha enxada nos ombros, e meu paiero a pitá.
Na minha frente vai o Bidu, meu cachorrinho, companheiro,
correndo pra lá e pra cá.
De tarde volto pra casa, abro as janelas pra refrescá.
Aí pego minha viola, e logo não demora,
lá no galho da paineira, o sabiá de novo a cantá!
Parece meu companheiro, escutando o som da viola,
começa a me acompanhá.
Essa é a minha vida, a vida de caboclo feliz.
Vivo no mato sozinho:
eu, a viola e o sabiá!