John Wesley (1703-1791), fundador do Metodismo, Ellen White (1827-1915) co-fundadora do Adventismo, possuem uma cristalina comunhão de pensamentos. Já disse Martin Schmidt:
“… em todos os grandes homens, na história da Igreja, nós descobrimos uma coincidência de intensa religião pessoal, um anseio de assumir sua tarefa e missão, devoção e reflexão teológica e surpreendentemente, de eventos decisivos ocorrendo no curso de sua vida”.
Ellen White era metodista, leu muitos livros e sermões de Wesley. O capítulo 14 de seu livro o Grande Conflito, dedicou à história da evangelização na Inglaterra e escreveu:
“A vida de Wesley apresenta a todo o povo cristão uma lição de inapreciável valor. Oxalá a fé e a humildade, incansável zelo, o espírito abnegado e a devoção deste servo de Cristo se reflitam nas igrejas de hoje”
Ele, oriundo de família anglicana ridicularizada e perseguida por católicos e ela, de família metodista, ridicularizada e perseguida por frequentar reuniões mileritas. Ambos dedicaram-se à produção literária, escreveram sobre educação, saúde, nutrição, sobre a justificação por meio de Cristo. Ambos combateram a escravidão e dedicaram-se à assistência social. Ela foi a escritora mais traduzida e lida do Mundo; seus escritos foram traduzidos para mais de 165 línguas diferentes, sendo seu livro Caminho a Cristo, uma essência do viver em Cristo, publicado em 1892, o campeão. Ela escreveu mais de 100 mil páginas, além de 35.000 outras datilografadas, 5000 artigos para periódicos, 200 panfletos e 150 livros.
Em seus escritos encontramos semelhantes argumentos quanto à graça, à lei, à justificação e à santificação. A diferença está em que Wesley não trata da glorificação, tema amplamente encontrado nos escritos de Ellen White.
Por falta de espaço e tempo, citaremos sucintamente temas divergentes e semelhantes sobre as crenças metodistas e adventistas, embora em nada difiram seus fundadores Wesley e White.
Combatendo os erros de Lutero e dos moravianos Wesley diz que não se pode provar pelas Escrituras que Cristo nos livra da Lei de Deus. “Quem és tu que falas mal da lei e que a julgas”. (Tig 4:11). Um e outro fincaram estacas sobre a fidelidade aos mandamentos de Deus. Para eles a obediência à lei de Deus é tão importante quanto à justificação do pecador.
A transgressão da lei é pecado (1 João 3:4). Pela justificação o homem é perdoado por ter transgredido os mandamentos e colocado no favor de Deus, exercita a sua fé e o amor a Deus. Portanto, a lei e o evangelho são importantes no plano divino. O evangelho “é o poder de Deus para a salvação de todos os que creem”. (Ro. 1:16)
É o único meio para a salvação, para justificação e santificação do crente. Pois, por sua própria obediência, “pelas obras da lei nenhuma carne será justificada à sua vista”. Mas agora a justiça de Deus, sem a lei – sem a nossa obediência prévia “é manifestada”… a justiça de Deus, que é pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que creem. Ambos defendem a ideia paulina de estabelecer a lei pela fé, e são tão interligadas que destruir uma é destruir ambas. Não se pode abolir a lei moral sem se abolir a fé. Para ambos a lei tem origem em Deus e não surgiu no tempo de Moisés, mas é eterna. Wesley e White afirmam que a lei é um atributo do caráter de Deus, reflexo de Sua augusta sabedoria, formosura e bondade. Homens como Adão, Enoque. Noé e Abraão pregaram a justiça, ensinaram a lei. Adão pecou porque quebrantou a lei. Ela existe antes e existirá após a fé deixar de existir.
A fé só foi necessária após o pecado e não haverá mais utilidade na eternidade. Guardá-la com alegria é expressão de louvor Àquele que o salvou, é prova de que o amor de Cristo está no coração da nova criatura.
Ambos distinguem a lei moral, eterna, da cerimonial surgida após o pecado, abolida na crucifixão de Cristo, era apenas um conjunto de simbolismos que indica Cristo como único meio eficaz para a salvação. Para eles não há poder inerente nos simbolismos, na lei moral, nem nos elementos da santa ceia, nem no ato da fé para salvação do pecador; só Jesus pode salvar sem as obras da lei. A função da lei moral não é salvar, mas apontar o pecado e trazê-lo a Cristo, alvo que ela visa continuamente. Ela instrui o ignorante, desperta o modorrento, conforta os enfraquecidos, aperfeiçoa os santos e liberta do jugo do pecado e do temor do inferno.
Ver: Os Sermões, v. 2 de John Wesley e Caminho a Cristo de Ellen White.