20/03/2015
Editorial: Um coração que bate a meio século
Júlio Henrique Raffard fundou o Engenho Central de São João de Capivari e o povoado que ficou primeiramente conhecido por Villa Henrique Raffard. Depois Villa Raffard e, anos mais tarde, elevada à categoria de Distrito, que pertencia a Capivari.
A cidade que completa neste sábado, 21, seu cinquentenário da emancipação político-administrativa, teve sua colonização marcada por imigrantes, na sua maioria italianos. Júlio Henrique Raffard movimentou a cidadezinha com a indústria açucareira e com a produção de álcool.
A partir de 1875 foram chegando os primeiros italianos aos sítios e fazendas da região. Esses mesmos imigrantes viram a Villa Henrique Raffard se transformar em Villa Raffard e depois, tornar-se Raffard.
Nos tempos de outrora, a riqueza de suas edificações, árvores, espaços públicos e privados eram admirados pela população, que num ato de bravura histórica, se contrapôs à maioria e em sua defesa lançou nos opositores o merecido resíduo que culminaria com sua emancipação, em 21 de março de 1965.
A história de Rafard não muda, pode ser contada de diversas maneiras e por dezenas de pessoas que a celebram em suas memórias. É um deleite para poucos privilegiados, mas um orgulho que não se sabe por que, não foi amplamente compartilhado entre seus filhos. Hoje, infelizmente, a bela história dá lugar ao sonho de recuperação e preservação de seu patrimônio, que nasce na Itapeva, onde aportaram Bandeirantes que construíram a capelinha, indo a São Bernardo da “Caipirinha”, famosa por suas criações que alcançaram o mundo a partir da Semana de Arte Moderna de 1922.
De forma poética, nossos sonhos se lançam na realidade de agora, procurando na defesa do progresso, que não encontramos aqui, a beleza que um dia encantou os imigrantes e impulsionou o povo na luta pelos seus direitos políticos.
O cenário de Rafard de Júlio Henrique, do Padre Manoel Simões de Lima, de Genaro Vigorito e de todos os que conquistaram essa nossa linda terra e que por ela lutaram na emancipação, já não é mais o mesmo, tão belo. Mas a cada um de nós cabe o amor e o respeito pela terra que faz brotar o alimento e o combustível, parte do futuro.
A cada um de nós cabe a vontade e o impulso suficientes para trabalhar politicamente para este município se desenvolver a ponto de termos uma Rafard tão próspera como a de outrora, quando os nosso poetas a chamaram de “terra querida, de nossas vidas, de encantos mil”.
A homenagem que o jornal O Semanário faz pelos 50 anos de emancipação político administrativa de Rafard, vai dos parabéns por uma história tão linda e grandiosa, passando pela coragem que tiveram nossos desbravadores, figuras de destaque no cenário regional, nacional e até mundial, como Tarsila do Amaral, e finda na esperança de que as próximas gerações possam ver uma cidade, ainda que pequena, acolhedora, desenvolvida, que tenha à frente, políticos e administradores inteligentes, humanos, competentes e corajosos para propor o desenvolvimento tão almejado.
Por isso, parabéns nossa amada Rafard!