Editorial

Editorial: Um candidato morreu. Um homem também

15/08/2014

Editorial: Um candidato morreu. Um homem também

Foto: Aluisio Moreira/SEI
Foto: Aluisio Moreira/SEI

Eduardo Campos morreu num trágico acidente de avião. Na noite anterior, o candidato à presidência da República pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) concedia uma entrevista ao vivo em rede nacional, todo pomposo, animado e cheio de propostas para mudar o Brasil. Um dia depois, o país estava em luto.

Não pelo político, mas pelo pai de cinco filhos, cujo mais novo tem apenas sete meses e é portador de Síndrome de Down. Pelo marido de Renata, mulher que recebeu parentes e amigos em casa poucas horas depois de saber da notícia. Dizem que ela está “forte como uma rocha”. Talvez carregue essa personalidade desde criança, mesma época em que conheceu o marido. Mas será que ela está bem mesmo? É claro que não.

Ao lado do presidenciável, outras seis vidas se foram (e outras seis famílias estão sofrendo), não menos importantes embora “anônimas”. Porque sem o profissionalismo de cada uma delas talvez o pernambucano não tivesse sido o candidato que mais viajou – percorreu mais de 36 mil quilômetros no país em quatro das cinco regiões, totalizando 40 cidades de cinco estados; e isso em apenas cinco semanas.

O que absorver desse triste acontecimento em pleno período eleitoral? Que a vida é uma só. E que ela passa. Daqui a cinco minutos você pode nem estar mais aí lendo o jornal. Então, por que você não se arrisca? “Por que não gasta mais tempo com as pessoas que ama?”, como questionou em sua página no Facebook o empresário Flávio Augusto, do Geração de Valor.

Não planeje tanto, você pode não conseguir realizar. Por outro lado, realize mais de acordo com o que seu coração mandar. Seja mais feliz. Só depende de você, sabia? E de Deus. Então, tente não se esquecer de que existe um poder superior, se apegue mais a sua religião. Tenha fé. E coragem.

No dia do acidente, a repórter da Folha de S. Paulo online, Marina Dias (responsável por acompanhar Campos e sua equipe onde quer que eles fossem), enviou uma mensagem ao celular de Carlos Percol perguntando onde ficava a Praia do Mercado, endereço que aparecia na agenda do candidato como o próximo destino, no Guarujá. “Só o Pai sabe”, respondeu. E teve de encontro um “amém” da jornalista.

Especulações políticas, tais como se o partido permitirá que Marina Silva assuma ou não, ou quem ela apoiará agora são inevitáveis, mas não mais importantes do que demostrarmos respeito por esse momento que as famílias estão passando, tão publicamente, de profunda tristeza e dor, que demora a se esvair – às vezes nunca passa de verdade.

Acidentes acontecem todos os dias, uns mais noticiados e outros menos, mas todos ocasionam perdas irreparáveis. Aos familiares e amigos, nossos profundos e mais sinceros sentimentos. E que Deus, em sua infinita bondade, conceda paz a todos aqueles que partem desse mundo de maneiras cruéis, por vezes violentas. E que o brasileiro nunca perca a essência de ser humano, e exerça a capacidade que tem de refletir e opinar.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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