Editorial

Editorial – Lavando as mãos

Assustadoramente o abandono das cidades após as eleições parece um ciclo recursivo, ou seja, estamos condenados aos inúmeros desleixos políticos sempre pela regra do poder público, quando fazem pelo interesse dos partidos e nunca para solucionar os problemas da sociedade, e o pior de tudo, nos confinamos a isso quando a tal da democracia começou a ser usada de maneira deturpada e os homens mais gananciosos ficaram cegos e surdos almejando o controle de um povo carente, para poder, quem sabe, usufruir de um pequeno pedaço de tempo controlando a falta de informação alheia.
Estão lavando as mãos, não importa o que aconteça. O mandato acabou a partir do momento em que as investidas se tornaram falhas e o jogo político se desmantelou por inteiro. Mas o povo não é besta, mesmo possuindo suas limitações, das quais lutamos para desenvolvê-las, percebemos a falta de respeito com que estamos sendo tratados e até abusados pelo senso cretino com o qual alguns políticos ofertam as desculpas pelo relaxo do final do mandato.
Provavelmente esse abandono pelas cidades começou quando o próprio munícipe abandonou a política e desistiu de lutar pelos seus direitos. O “deixa ser como está”, pronunciado pela população mal acostumada a ter uma “consciência comprada”, e que apenas fomenta e revigora a falta de caráter de alguns políticos, que sentados em seus cômodos de persuasão e regados com a falta de espírito de corpo, descansam a mentalidade atrofiada e encarcerada num mundinho de artimanhas e apadrinhamentos escandalosos.
As cidades de nossa região receberam algumas melhorias, mas isso não significa que o pouco feito pode ser considerado o muito que precisávamos, e que a migalha oferecida sustenta a fome de quem esperava uma refeição digna. Nem o básico, às vésperas das eleições, foi feito.
Para o mal de nossos municípios, vemos o descaso e a falta de compromisso com a população, não só dos prefeitos e de alguns vereadores, mas também de muitos secretários que encostaram o burrinho na sombra, e ainda agem de maneira tendenciosa a dificultar o trabalho de quem quer fazer.
Parece que o Poder Público e Privado só tem olhos para os desleixos, quando esses estampam as capas dos jornais, ou se propagam pelas ondas do rádio, através de jornalistas preocupados em levar a público as carências da sociedade. Para o bom leitor, que procura se manter informado toda semana, não é preciso nem exemplificar tal situação, basta arriscar uma caminhada na passarela da avenida São Bernardo, próximo ao Distrito Industrial de Rafard, para saber do que estamos falando. Agora, com certeza você vai conseguir caminhar por lá… e pela passarela, não pela ciclovia.
O dinheiro público parece ser um brinquedo feito de água que se esvai pelos bueiros das administrações sem nenhum planejamento. É o dito “tapa buraco” que não tapou buraco algum, apenas enfeitou os ouvidos do povo e depois o ludibriou com as mesmas desculpas batidas. Algumas administrações serão marcadas por lendas, só que contrárias aos fatos heroicos, onde os mandatos que ainda nem acabaram já estão sendo engavetados pela má fé dos seus cumpridores e da equipe mal formada que os seguem.
Precisamos, não em pequenos grupos dispersos e com interesses umbilicais, retomar o exercício da política, lutar pela dignidade que nos é negada, todos unidos com o mesmo objetivo. Não só debater, questionar e confrontar o mau político quando ele está sendo desonesto, mas também agregar valores aos que lutam de verdade para melhorar a situação em que vivemos.
“Portanto, se abandonamos o terreno da Política depois não poderemos reclamar que ali, naquele terreno (hoje ‘baldio’) só nasce mato e erva daninha – ou seja, que no Parlamento ‘só tem’ lobista, beócio, picareta e aproveitador; e que nos sindicatos ‘só tem’ pelegos e gente despreparada.” – Lula Miranda (Poeta, Jornalista e Economista).

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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