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Editorial: 48 Outonos “Amor, Doce Amor”

Indivíduo de alta estirpe e de memorável iniciativa, Júlio Henrique Raffard fundou o Engenho Central de São João de Capivari e, consequentemente, o povoado que ficou primeiramente conhecido por “Villa Henrique Raffard”, se firmando posteriormente como “Villa Raffard”, e anos mais tarde sendo categoricamente elevada à Distrito, pertencente ao município de Capivari. Na época, Júlio Henrique movimentou a “cidadezinha” com a indústria açucareira e com a produção de álcool.
Nos tempos de outrora, a riqueza de suas construções com requintes europeus, espaços públicos arborizados, eram admirados pela população, que num ato de bravura histórica, se contrapôs à maioria e em sua defesa, lançou nos opositores o merecido resíduo que culminaria com sua emancipação, em 21 de março de 1965.
Rafard, que completou 48 anos de emancipação político-administrativa junto com a cidade de Mombuca, na última quinta-feira (21), teve sua colonização marcada por imigrantes, cuja predominância se deu por italianos.
Ler a história de Rafard é uma motivação para os que acreditam nos próprios sonhos, um orgulho que escapa das mãos, transborda pelo peito, e acaba sendo compartilhado entre os que deslumbram a coragem de seres visionários.
Hoje, infelizmente, a bela história dá lugar ao sonho de recuperação e preservação de seu patrimônio, que nasce na Itapeva, onde aportaram Bandeirantes que construíram a capelinha, indo a São Bernardo da “Caipirinha”, famosa por suas criações que alcançaram o mundo a partir da Semana de Arte Moderna de 1922.
O cenário de Rafard – de Júlio Henrique, do Padre Manoel Simões de Lima, de Genaro Vigoritto e de todos os que conquistaram essa nossa terra fértil e que por ela lutaram na emancipação,- já não é mais o mesmo, tão aguerrido num idealismo, tão aprofundado numa verdadeira batalha que ignore os preceitos da burocracia e leve no peito a vontade de voar mais alto.
A medicina, o teatro, o clero, o direito, o esporte, a literatura e o jornalismo, tiveram e têm boa representação nos cenários brasileiros. Infelizmente, essas pessoas não lograram êxito em suas investidas no município e partiram para outros centros mais desenvolvidos para conseguirem sobreviver em seus trabalhos, sempre levando e honrando o nome da “Cidade Coração”.
Segue aqui uma singela homenagem do Jornal O Semanário aos 48 anos da emancipação político-administrativa de Rafard e Mombuca, mas não podemos esquecer que essas duas cidades estão na zona de conforto. É preciso renovar, sempre, as ideias, as atitudes, os conceitos, é necessário contrapor, contradizer, contrariar, manifestar, gritar, causar mudanças, ser a própria mudança que desejamos ver nessas duas cidades. Assim como ousou o tão grandioso Júlio Henrique Raffard, os munícipes devem também mostrar a força, a fé e a fervura que lhes acende a alma pelo progresso.
Um doce amor só se faz quando nos entregamos ao fel do mundo e calejamos o que de ruim existe. Rafard, onde estão teus filhos que herdaram dos bandeirantes a fibra altiva e pioneira? Mombuca, onde está o valor de sua história que pulsava na artéria de um coração fraterno?

*O título faz referência ao primeiro livro de poesias, publicado em 1960 – com procedência de Rafard, do escritor/poeta Silveira Rocha, exímio colunista do Jornal O Semanário, e que hoje guardamos com imenso carinho na memória.

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Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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