Rubinho de Souza

Dona Benedita Merendeira

Existem pessoas que a depender de seu talento se destacam na música, na arte em geral, outras deixam seu nome na história da sua cidade pelas causas e pelos seus ideais e principalmente por ter obtido uma vitória que beneficiou seus moradores após árdua luta, como foi o caso da emancipação de Rafard, que projetou muitos cidadãos no cenário político de nossa cidade, cujos nomes não irei citar aqui, visto que a pessoa que quero homenagear destacou-se pela sua simplicidade, por sua bondade e pela dedicação no seu mister, e que com certeza cumpriu fielmente a missão que lhe foi confiada por DEUS na Terra, e por isso foi lembrada com saudades, na caminhada matinal que fazemos eu, Luiz e Hélio todos os dias.

Estou me referindo à Dona Benedita de Campos (na foto com a enfermeira Illydia Leite, sua filha), pessoa dotada de grande bondade e que era nossa merendeira nos tempos escolares, época em que muitos alunos, iam à escola para poder se alimentar não somente do saber dos inesquecíveis professores, mas da merenda que era servida aos alunos, e que eventualmente até mesmo os professores e professoras degustavam.

Em nossa caminhada, Luiz disse se recordar da merenda que era servida quando ele estava na escola, e perguntado sobre o que era servido na época dele, era também no meu tempo, o mesmo cardápio que era preparado por Dona Benedita que com seu tempero peculiar, esmero e carinho, usando coisas simples – que muitos jovens de hoje sequer poderão imaginar – fazia um angú de fubá com couve ou com brotos de abóbora, que muitos devem conhecer por “cambuquira”, que era uma verdadeira delícia.

Quando Dona Benedita, adentrava a cozinha para preparar a nossa refeição, o cheiro dos temperos invadia de tal forma as salas de aula, que a gente não via a hora de Dona Alice bater aquele sino de metal para sairmos correndo para ir ao recreio, tal era a fome que o cheiro da comida feita por ela, nos fazia sentir naquela hora do dia, visto que nossas aulas eram no período da manhã, e muitos acordavam muito cedo, pois vinham das fazendas, dos sítios para estudar no Grellet.

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Foto enviada pelo colunista

Lembro-me que fazíamos fila e davam uma colher que era enorme para a nossa idade e um prato que era de plástico ou de alumínio que vinha fumegando depois de ser cheio daquelas delícias tiradas de uma enorme panela, que só de relembrar me encheu d’água a boca, voltando a um passado distante e inesquecível…

As vezes tínhamos também sobremesas feita por ela, o sagú era feito com groselha fornecida pelos irmãos Bragion, cuja guloseima de tão boa, muitos retornavam à fila para repetir. Noutros dias era mingau de maisena, ou leite com chocolate.

Nesse tempo sequer tínhamos ainda consciência de quem era aquela senhorinha de cabelinhos grisalhos, sempre na cozinha a mexer com uma enorme colher de pau aqueles tachos de comida, que estavam sempre fumegantes. Hoje passados longos anos de nossa fugaz existência, é que sentimos quão bom foi ter vivido essa época de pura magia, e ter convivido com pessoas como Dona Benedita – a Bendita.

Temos, é claro, muitas outras “Benedita” que merecem também serem lembradas pelo que foram e representaram para a nossa geração, mas hoje a nossa homenagem é feita especialmente para Dona Benedita de Campos, a nossa querida “Dona Dita” merendeira do Grupo Escolar Prof. Luiz Grellet, cuja lembrança nos emociona e enche os olhos de lágrimas de saudades.

Tudo isso me fez lembrar uma música de Ataulfo Alves, que diz: “Eu daria tudo que tivesse para voltar aos tempos de criança. Eu não sei por que a gente cresce, se não sai da mente essas lembranças”.

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