Rubinho de Souza

Do Fundo do Baú Raffard

07/09/2017

Do Fundo do Baú Raffard

As “encomendas” de Laerte Abel e Toninho Sanches

A postagem é um recorte do inesquecível jornal “O Progresso” do jornalista José Miguel Bósio.

Os moleques que nessa época, passassem pela alfaiataria de Laerte Abel e entrasse para “sapear” como se dizia naquele tempo, era como entrar numa armadilha, pois o tirocínio de seu dono, não permitia que saísse de lá sem uma incumbência no mínimo estranha, do tipo: – Ô zé, vá lá na Sapataria do Sanches, e fale para o Toninho que eu estou precisando do esquadro redondo, e traga aqui para mim… O moleque por educação, saia correndo em direção à , todos os frequentadores do atelier do Laerte caiam na risada. Ao chegar na Sapataria, a ordem era para falar com Toninho, pois os outros não poderiam saber do empréstimo…

Quase sempre Toninho que lá estava, embrulhava algo que iria para o lixo, tipo uns pedaços de sola de sapato, e amarrava com barbante, fazendo um pacote, e enviava o moleque de volta com recomendações de tomar cuidado com a encomenda…

Ao chegar na Alfaiataria, o moleque dizia, ele mandou o esquadro redondo, mas ele quer de volta a pedra de amolar sovela, que ele vai precisar dela…

Lá ia Laerte, a embrulhar algo que também ia para o lixo, amarrava com barbante, e recomendava ao moleque que não corresse, pois se derrubasse a pedra de amolar sovela podia quebrar…

E novamente a vítima de Laerte e Toninho, ia com todo o cuidado, andando pé ante pé, devagar para não derrubar a pedra.

Reparem que as “encomendas” de Laerte e Toninho, eram as mais diversificadas e absurdas possíveis, e mesmo assim a molecada não desconfiava porque a maioria dos moleques dessa época eram almas puras, e sequer imaginariam que aqueles homens sérios, estariam de brincadeira com eles…

Tudo isso que relatei, não era combinado entre eles, o que ocorria é que na verdade, era uma maneira de se ver livre da molecada que vinha para ficar ouvindo as conversas dos adultos, coisa que para a época era proibido.

Muitos lendo esses relatos, vão rir, e depois voltando ao tempo, talvez solte um palavrão, ao lembrar que também foram vítimas desses, que apesar de tudo, só nos deixaram boas lembranças, pois não havia maldade em seus corações…

Se você ao ler este relato, está pensando: – Então era tudo uma armação? E eu caí como um patinho na deles! Não fique triste, pois você com certeza não foi o único!

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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