28/07/2017
Do Fundo do Baú Raffard
Relembre a enchente de 70
Estamos iniciando o ano de 1970, as chuvas não dão trégua. Há vários dias não se vê a luz do sol. Roupas não secam, caminhões não conseguem trabalhar nos canaviais por causa do terreno encharcado pelas fortes e ininterruptas chuvas que atingem nossa região.
Como se não bastasse nas cidades acima, a situação não é diferente, e provavelmente dentro de alguns dias, toda a água que caiu por lá deve chegar por aqui. As comportas da Leopoldina estão fechadas, e com isso o nível da água só tende a subir. Todas as marcas que estão sendo feitas, com o fito de monitorar a enchente, são logo ultrapassadas.
Há muitos desabrigados nas regiões ribeirinhas, tanto na cidade, como nas fazendas que circundam nossa cidade. Capivari está ilhado. O estado já é de calamidade pública, decretado pelos prefeitos dos municípios circunvizinhos.
Lugar e casas que sequer imaginávamos um dia ser invadida pelas águas, estão vazias de seus moradores que procuraram abrigo longe das águas, da enchente. As pontes que não foram derrubadas pelas águas, estão cobertas por elas…
O campo do RCA parece mais um piscinão, tomado que foi pelas águas do Rio Capivari. A impressão que se tem é que a chuva não vai parar, e que as águas brotam do chão…
A Fazenda Santa Rita foi devastada, suas construções estão destruídas, e seus moradores mudaram-se para as Fazendas Saltinho de baixo, de cima, e do meio.
As águas levam tudo que encontram na frente, pontes, casas, móveis, eletrodomésticos e outros objetos, até mesmo animais grandes, como cavalo, cabra, porcos. As galinhas, para escapar das águas, subiram para o alto das árvores e lá estão por vários dias.
Resumidamente essa descrição retrata os dias da enchente de 70, como passou a ser chamada, e que, só quem viu, viveu e conviveu com essa tragédia sabe que essas cenas jamais serão apagadas da nossa mente, pois vivemos dias de terror.