Rubinho de Souza

DO FUNDO DO BAÚ RAFFARD

09/03/2018

DO FUNDO DO BAÚ RAFFARD

De volta ao passado…

ARTIGO | Estamos no início de 1970 e chove torrencialmente na região toda, e aqui no bairro Padovani onde moro, os caminhões que usam a estrada sentido Capivari pelo bairro Paulino Galvão, enfrentam aqui próximo de minha casa, numa curva, um pedaço da estrada que é piçarra, e é puro sabão de tão escorregadia, e com isso ficam patinando…patinando até encostar no barranco e não sair mais a não ser rebocado. Para nós moleques é um prato cheio, chegamos a ficar até mesmo sem almoço para ver de cima do barranco, os caminhões encalharem e fazemos a maior festa quando não consegue sair.

Hoje meu amigo Claudio Castro, foi me chamar para ir nesse barranco que fica no quintal da casa de Luís Ferro, ver um caminhão que está encalhado lá, mas eu tinha saído junto com o Valdir Bergantão que chamamos de “Verdão” dar uma volta com o cavalo e a égua, que o pai dele usa no carrinho com o qual vende as verduras que planta em frente minha casa. Eu fui montado em pêlo na égua e Valdir no cavalo, e ele disparou na frente e a égua acompanhou no mesmo trote. Lá na frente ele parou e virou de frente para mim dando risada, imaginando que eu estava com medo, mas que nada, agora aprendi que tem que soltar o corpo para não cair de cima…

Depois que voltamos do passeio, fomos lá no barrancão, como nós chamamos, eu, Di, Cláudio, Valdir, Tutão do Seo Chico Dias e Chico da Judite, e lá ficamos o resto do dia na chuva só para ver os caminhões encalharem…

À noite vou na casa da Judite, que mora numa casa que faz fundos com minha casa, pois seu filho Chico me contou que ela comprou uma televisão e vamos todos lá para assistir “luta livre” com o Ted Boy Marino e o Fantomas, e aos domingos já está certo vou na casa de Cláudio Castro assistir filminho mudo do Chaplin.

Mas voltando às chuvas, estamos há alguns dias, fazendo “marcas” com pedras para monitorar as águas, que sobem rapidamente, e as marcas que fazemos, tem que ser mudadas o tempo todo, e com isso, as águas estão ameaçando a casa e o Bar do “Dito Faquinha” que fica na parte mais baixa, onde está a divisa entre Capivari e Rafard.

Depois de alguns dias, com as águas subindo rapidamente, os que estavam em situação de risco, deixaram as casas já tomadas pela correnteza e foram para casa de parentes, inclusive a família do Dito que foram os primeiros a serem retirados. A mãe do Seo Luiz Ferro ficou com medo da enchente, e pediu que a levasse na casa de Antonio Ferro, seu outro filho, que mora num lugar mais alto.

Segundo todos estão comentando, essa é uma enchente que está superarando todas as demais anteriores a ela, e com certeza ficará na história como a maior delas, tamanho é o estrago que está provocando.

O canão que usamos de passarela no terreno de Rino Pellegrine está coberto pelas águas, o pontilhão do trem também, e comentam que a ponte da Pio XII está com água passando por cima, e estamos ilhados aqui no bairro, e a chuva continua a cair…

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo
Abrir bate-papo
Olá
Podemos ajudá-lo?