23/02/2018
Do Fundo do Baú Raffard
Depois de sair da oficina do Braz foêro, sigo na Rua Maurice Allain, onde vejo Gênio Turatti com seu costumeiro “palheiro” e canivetão na cinta, indo em direção à Séde do Rafard Clube Atlético, onde quase todo dia vai encontrar os amigos para uma partida de bochas ou um carteado.
Seo Bruno Turatti, irmão de Gênio, atravessa a rua, trazendo uma pesada sacola, que pelo barulho de garrafas ao sacolejar, suponho que ele deva ter ido à fábrica de bebidas dos irmãos Braggion, que fica à um quarteirão da sua casa.
Nesse momento, Titinho Bragion, fecha o portão de sua casa, entra no seu “fusquinha branco” e de relance, vejo que ele está levando em suas mãos a sua inseparável máquina fotográfica, com a qual registra praticamente todos acontecimentos marcantes da cidade.
Ao passar com minha bicicleta na frente dos sobrados dos irmãos Forti, fico como sempre, deslumbrado pela beleza da construção, e imagino que o piso superior com janelas que dão para a rua, deve permitir uma visão geral da rua, e imagino ainda que nos dias de festas, deve ser um camarote perfeito, com visão privilegiada…
Enquanto vou em direção da Loja da Dona Tita Vendramin, alguns da família Forti, conversam na frente de suas casas, e ao cumprimentá-los com o costumeiro “bom dia” respondem todos, até mesmo Dona Carmela que está um pouco atrás dos demais.
Ao chegar na Loja de Dona Tita, faço menção de parar para comprar alguns “aviamentos” que minha mãe pediu, mas como ela está atendendo algumas clientes que escolhem panos para confecção de vestidos, passo direto e ao chegar na Padaria de Ditão e Dona Nena, escuto alguém chamar: -Broto!
Viro para o lado e percebo que é Dona Nena me chamando, dou meia volta na minha bicicleta e paro em frente à padaria. Dona Nena, sempre amável, pergunta da minha família se estão todos bem, e em seguida estica o braço, e me dá um punhado de balas que tira daquele mostruário giratório de vidro, que é o sonho da criançada. Agradeço, e recebo ainda um: -Tenha cuidado broto! e continuo meu périplo pela cidade.
Chego à Sapataria de Maelmo, parada obrigatória, onde meu irmão Gérson está de aprendiz de sapateiro e, logo ao entrar, sinto no ambiente o odor característico de cola e couro. O rádio, como de hábito, sintoniza a Cacique de Capivari, e o bate papo está animado entre Nerso Dias, Ademar Ré, Joba e Tatinha Cordeiro, que vão ali se inteirar das novidades e passar o tempo…
Meu irmão Gérson conta para mim em segredo, que hoje à noite vamos na casa dos pais de Maelmo, Aninha e Osvardo, ver a radio-vitrola que ele comprou e ouvir alguns discos, entre eles o de Jair Rodrigues onde ele canta a música “Disparada”.