ColunistasLeondenis Vendramim

Direito e Democracia 7

Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História

Com o a criação da ONU e outras instituições surgiram muitos defensores dos direitos humanos a combater as atrocidades desde a segunda guerra, a semiescravidão e insalubridade, a exploração infanto-juvenil vivida pelos operários na Revolução Industrial. O princípio do satyagraha de Gandhi inspirou gerações de ativistas democráticos e antirracistas, como Martin Luther King Júnior, Nelson Mandela e muitos outros.

Michael King (1899-1984) (mudou seu nome para Martin Luther King) pastor respeitado da Igreja Batista Ebenezer, casado com Alberta Williams, lutava pelos direitos humanos dos negros na Geórgia, EUA, onde se linchavam negros, a lei “Jim Crow” (proibia aos negros sentarem em lugares dos brancos nos meios de transportes e salas públicas). Martim L. King (pai) foi um líder importante na luta contra a lei Jin Crow, contra o díspar e inferiorizado salário dos professores negros da Geórgia, promoveu passeata em protesto ao sistema de ônibus segregacionista (preso por isto, foi solto após intervenção de Robert Kenndy, deputado e irmão do Presidente John F. Kennedy). Teve influência notável sobre seus filhos. Martin Luther King Jr. escreveu que o caráter e o exemplo prático de seu pai o levaram ao ministério batista. Escreveu sobre algumas experiências que marcaram sua vida. Uma delas, quando seu pai, que guiava seu carro, foi parado por um policial chamando-o de boy (garoto). Então seu pai respondeu que seu filho era um “boy”, não ele e não o ouviria enquanto não o respeitasse como adulto. Doutra feita, numa loja, para comprar sapatos, pediram para ele e seu filho mudarem de lugar porque eram assentos para brancos. O pai saiu da loja muito furioso dizendo: ‘Eu não me importo quanto tempo ainda viverei com este sistema, mas eu nunca irei aceitá-lo.’

Todos nós exercemos influências, uns nos outros, benignas ou malignas e isto é mais notado nos filhos. Certa vez ao me barbear diante de minha filha, então com 2 aninhos, tive de deixa-la passar o pincel com espuma pela cara e dar-lhe o aparelho sem a gilete, para que ela pudesse imitar o pai. Nossas atitudes, boas ou más, o modo como os cônjuges se relacionam, o tipo de roupa que usam, a comida, os programas de TV que os pais assistem, até os gestuais são copiados pelos infantis. Apesar de eu crer que a escola tem também como objetivo precípuo a educação e a formação moral dos alunos, os maiores responsáveis, com mais possibilidades e mais tempo para essa tarefa são pais. Deus requererá dos pais ou responsáveis a construção do caráter ilibado dos filhos, bem como a preparação para viver num mundo corrupto de maneira sóbria, com moral escorreita e habilitação para o trabalho honesto. Deus é nosso exemplo, e no ensina: “O Senhor corrige a quem ama e açoita a quem recebe por filho” (Hb 12:6). Não é licença para espancamento, mas corrigir com amor é necessário; impor limites às crianças (e aos pais também). O amor, o respeito e a gentileza com que o esposo trata a esposa é de muita valia. Formar é mais fácil do que reformar”

Quando li pela primeira vez sobre a atitude Robert Kenedy para com o preso King, pensei na nobreza de seu caráter. Homem branco, abastado, católico, politicamente democrata, oposto a King, republicano ativo, negro, protestante, classe média, num país racista, tinha tudo para olvidar o prisioneiro. Contudo, Robert, como um “bom samaritano” suplantou as barreiras, tratou da causa com amor cristão. Um exemplo a ser imitado por todos; o cristianismo está acima da raça, cor, política, religião, posição socioeconômica e escolha sexual. Luto pelo direito de ter opinião contrária e expressá-la, mas como cristão não posso negar amor aos diferentes e orar em favor deles.

Martin L. King e sua esposa Alberta tiveram três filhos: Wille Chrisitine (1927), Martin Luther King Júnior, nascido em 15 de janeiro de1929 e Alfred Daniel (1930). O Pastor e pai King teve a felicidade de ver seu filho King Jr. tornar-se pastor da mesma Igreja Batista Ebenezer com 26 anos (1955). Grande alegria ao ver seu filho seguir seus ideais, defendendo fervorosamente os direitos humanos. Entretanto, nem tudo, são flores. Martin Luther King Jr. foi assassinado em 4 de abril de 1968, em Menphis, seu outro filho Alfred Daniel morreu em 1969, sua esposa Alberta Williams foi assassinada em junho de 1974, um ano antes da sua aposentadoria.

ARTIGO escrito por Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História
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Jornal O Semanário

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