Em 1913, na África do Sul, havia grande número de hindus que estava sofrendo discriminação por parte dos colonizadores holandeses (os bôeres). Proibiam-lhes a imigração, e por não serem cristãos, seus casamentos, foram invalidados. Gandhi promoveu uma caminhada da qual participaram mais de 2000 pessoas, por isso, foi preso e condenado a trabalhos forçados. Noutra caminhada levou mais de 50.000 operários à greve. Muitos foram presos, entretanto o governo abriu negociações e resolveram validar todos os matrimônios, independente da religião, os impostos aviltantes e atrasados foram cancelados, os operários contratados com mais liberdade.
Ao voltar para a Índia, viajou pelo extenso território para conscientizar o seu povo a enfrentar, sem violência, as injustiças britânicas. O método da satyagraha foi promulgado por Gandhi, que chegava a dizer, que com esse método alcançaria a vitória sobre o despotismo, transformaria os ideais e conseguiria a legalização dos direitos da classe operária e a independência da Índia. Pregava que o amor mantém a paz e a união. Gandhi jejuava com frequência para que os indianos se conscientizassem e participassem das manifestações de protestos conforme a satyagraha. Ele era um líder carismático e arrebatava multidões que o chamavam de Mahatma (Homem Grandioso). Era simples, culto, ajudava aos pobres, dava atenção às crianças e jovens, convivia com o povo.
Em 1917 ele promoveu greve entre os operários de tecelagem devido à exploração abusiva por parte dos proprietários. Jejuou para encorajar os empregados oprimidos e temerosos pela consequência. Resultou em mais uma prisão a Gandhi. A Inglaterra saiu empobrecida da primeira guerra mundial, mas cerceava os direitos civis dos hindus. Em 1920 Gandhi incentivou os indianos, numa campanha nacional, contra os impostos altíssimos e contra a compra de bebidas alcoólicas dos britânicos, que gerava alta renda àquele governo explorador. Gandhi era, então, um líder honrado pelos compatriotas, respeitado internacionalmente e temido na Inglaterra, chamado de faquir desnudo pelo orgulhoso inglês Churchil. Jejuou de 14 a 26 de setembro de 1932 tomando apenas água com bicarbonato de sódio, em protesto contra o governo inglês pelo seu destrato para com as castas inferiores.
Em 1939 a Inglaterra declarou e comprometeu a entrada da Índia na guerra ao Eixo. Gandhi motivou os hindus a não participarem da mesma e por isso foi mais uma vez preso. Livre, em 1944, passou a tratar com o governo inglês sobre a independência de seu país apoiado pelo Partido do Congresso Nacional Indiano, onde Jawaharlal Nehru, Primeiro Ministro (pai de Indira Gandhi), mourejava solidário a Gandhi na luta pela independência. Outros líderes encorparam a campanha pela libertação nacional com propostas mais bem fundamentadas politicamente.
No dia 15 de agosto de 1947 Mahatma Gandhi viu a realização do seu grande sonho. Como disse alguém: ”… a Inglaterra foi vencida por um exército que a história jamais registrou antes, o exército da persistência, paciência e não violência, liderado não por um marechal, mas por um apóstolo visionário.”
Sua luta foi pelos direitos das mulheres, dos pobres, pela convivência e liberdade religiosa, para eliminar as injustiças étnicas e das castas. Uma luta de resistência sem violência. Disse Gandhi: “Quando em desespero, lembro–me que ao longo de toda a história os caminhos da verdade e do amor ganharam sempre. Existiram tiranos e assassinos e durante um período eles podem parecer invencíveis, mas no final eles caem sempre. Pensem nisso – sempre.”
O hindu Kailash Satyarthi (1954) criou uma organização e luta contra diversos tipos de escravidão e exploração infantil, levando-as à escola. Em 2014 ganhou o prêmio Nobel da Paz. “Foi duro, para mim, perceber que algumas pessoas nasciam para trabalhar e outras tinham direito de estudar”, escreveu Satyarthi.
Malala Yousafzai (1997) paquistanesa, luta pelos direitos de educação das meninas e juvenis. Ela mesma ferida a tiro por terrorista disse que não se calará diante do terrorismo. Ganhou em 2014 o prêmio Nobel da Paz com 17 anos.
ARTIGO escrito por Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História
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