ColunistasLeondenis Vendramim

Direito e Democracia 5

Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História

A noção, conceituação e a praticidade dos direitos humanos foram mais efetivas no pós guerras mundiais, essas monstruosas atrocidades causadas, em maior número, pela estupidez, ganância e desrespeito aos direitos humanos. A Assembleia Geral da ONU criou a Carta das Nações Unidas em 20/6/1945, em 10/12/1948 a “Declaração dos Direitos Humanos” e em 1950 determinaram, que o dia 10 de dezembro, anualmente, seria a comemoração do dia dos Direitos Humanos. A Declaração tinha o intuito de minorar o sofrimento humano individual e nacional, proporcionar paz, liberdade, solidariedade, desenvolvimento sócio cultural e econômico. Claro esta, não conseguiram totalmente. Há, ainda, muitas guerras, e o prenúncio não se mostra auspicioso. A degeneração da educação moral, o comércio e uso de drogas ilícitas, a avidez pela riqueza e pelo poder político e econômico têm causado guerras declaradas ou não, avultam a corrupção e vilipendiam os seres humanos. O Mundo assistiu à luta de vários ativistas pelos direitos humanos, muitos morreram por seus ideais. O Mundo não era digno deles.

Mohandas Karamchand Gandhi, conhecido como Mahatma Gandhi (1869-1948) nasceu em Porbandar, foi o líder que levou à guerra um exército sem armas, convencido a não usar de violência, contra um bem treinado e bem armado exército inglês.

A Índia, de extensão continental, incluía também Mianmar, Bangladesh e Paquistão. Era independente e com uma industrialização avançada de tecidos, tapetes e salitre, produzia algodão, seda, chás etc. Desde 1608 a Companhia Britânica das Índias Orientais comerciava, pagando valores irrisórios pelas mercadorias obtendo altos lucros na Europa. Após sete anos de comércio intensificado, o rei Jaime propôs construir entrepostos nos territórios hindus em troca de produtos europeus e alguns benefícios. Uma vez acordado, esses entrepostos, por ordem do rei, adquiriram territórios, cunharam moedas, formaram exércitos e legislação própria e com o tempo formaram colônias, fazendas, indústrias com mão de obra local, quase escravizada. Imperceptivelmente os ingleses monopolizaram a indústria e o comércio, impuseram o consumo de produtos ingleses; proibiram aos naturais obter o sal, se não o inglês. Os ingleses viviam nababescamente, apropriaram-se dos indianos, e como o mal pode piorar, os “civilizados” exploradores viciaram-nos com ópio. A Índia é o segundo maior produtor de ópio do Mundo. Na divisa com Mianmar a terça parte dos homens é viciada (cada 3 pessoas uma é drogada) ainda hoje. A região é perigosa, sua riqueza é a droga. Extraído da flor da papoula, o ópio é refinado para obter a morfina e a heroína. Os “civilizados” lordes viciaram também os chineses a fim de se apossarem de suas riquezas, chegando a traficar 450 toneladas da droga anuais à China. A resistência do governo chinês à droga levou os ingleses declararem a (famosa) guerra do Ópio (1839-1842 e 1856-1860).

Neste contexto surgiu Mahatma (homem grandioso) Gandhi, idealizador e fundador do moderno Estado indiano, um religioso misto cristão, orientalista, vegetariano, advogado e filósofo ativista. Gandhi leu e foi influenciado por Leon de Tolstoi e Henry David Thoreau, que tinham ideias libertárias, contra impostos extorsivos e a favor da luta sem violência. Gandhi criou a satyagraha (busca da verdade) era uma forma de fazer a revolução sem violência para libertar a Índia do colonialismo assolador. Foi influenciado também pelo escritor Edwin Arnold, porém era um homem da Bíblia e os ensinos de Jesus sobre as “Bem-aventuranças” (Mt 5:1-12) foram o fundamento de sua crença e prédica. Ensinava resistir às imposições britânicas, ao tolhimento de sua liberdade, aos abusivos impostos e ao vício, ao cerceamento de sua vida, mas amar o povo inglês. Estudou Direito em Londres e esteve algum tempo na África do Sul onde havia grande número de hindus e imperava a “Apartheid” (terrível segregação racial). Pregava a desobediência em massa às decisões inglesas consideradas contrárias aos direitos civis do seu povo. Empreendeu viagens pela Índia a fim de convencer seus compatriotas a participarem de suas marchas sem armas, sem violência, enfrentando o exército inglês, que armado, exterminou muitos nativos.

ARTIGO escrito por Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História
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Jornal O Semanário

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