Leondenis Vendramim

Direito e Democracia 20

Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História

Olhando para o cenário mundial, a criação de tantos mecanismos protetores dos direitos humanos: ONU, Tribunal Penal Internacional, Corte Europeia de Direitos Humanos, Corte Interamericana do D. H., Tribunal Africano dos D.H., a Perestroyka, a queda do muro de Berlim, as tantas ONGs defendendo os direitos Humanos, a preservação dos animais e do meio ambiente, o Papa Francisco pedindo perdão pela famigerada “Santa Inquisição” e combatendo a pedofilia do clero, tem-se a impressão de que humanidade aprendeu a respeitar o próximo. Ledo engano! Apesar da “Primavera Árabe” (onda de protestos, revoltas e revoluções populares contra governos do mundo árabe que eclodiu em 2011 no Egito, Tunísia, Líbia, Síria, Iêmen e Barein, devido à crise econômica, ao regime ditatorial e à carência dos direitos humanos; uma ocidentalização da democracia oriental, a liberdade dos oprimidos).

Nosso velho mundo continua intolerante com o pensar diferente do outro. Os fundamentalistas destroem em nome de Deus, ou de Alah (é o mesmo Ser), refiro-me também aos grupos extremistas, Estado Islâmico, Al Qaeda, Boka Haran, Al Shebab, Jihad, aos neonazistas Skin Heads e outros. Jornalistas são assassinados, como Jamal Khashoggi foi neste mês de outubro de 2018, em pleno consulado da Turquia; o diretor do jornal venezuelano, Miguel Henrique Otero, auto exilado nos EUA, publicou a última edição do “El Nacional” (todos os meios de comunicação venezuelanos estão sob supervisão de Maduro (ver Folha, 17/12/18, p.A2). 26,2 milhões de mulheres foram agredidas neste ano, 184.524 crianças abusadas (número que tem aumentado 10% ao ano), para nossa vergonha e consternação, o Brasil é o líder neste quesito, e pior, os pais são os mais acusados (monstruosidade).

No campo religioso é angustiante saber sobre o que se passa nos porões da história eclesiástica. As igrejas reformadas há muito buscam uma aproximação do catolicismo, tendente desde o Vaticano 2, a acolhê-las como “filhas arrependidas”. Os muçulmanos, palestinos e os israelitas, também estão aderindo a esse ecumenismo (união de doutrinas e não de instituições eclesiásticas), o que já soma mais da metade da população mundial e cresce a cada dia (ver do Imaginário à S. Inquisição, p. 254-256). Esta convergência ideológica dará amplos poderes e benesses estatais, numa ampla união preconizada por vários estudiosos (não só teólogos), pelos livros de Daniel 7 e 8 e apocalipse 13 (sem misticismo). Será a submissão da minoria e sua perda da liberdade civil, religiosa e econômica devido à imposição da massa uma e poderosa. Imaginação? Veremos!

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Pio 12 exaltou Pio 10 (1903-1914) o responsável pela perseguição aos modernistas, e ele mesmo disse: que espancaria aos oponentes com punhos e não com óleo, agrados e carinhos como numa guerra. (Hitler’s Pope, p. 37 e 38). Pacelli (Pio 12) mancomunou-se com Hitler, permitindo-lhe aprisionar e mandar aos campos de extermínio, judeus, ainda que fossem católicos. O Papa conclamava as nações a uma nova ordem mundial, na qual o reconheceriam como ‘rei dos reis e senhor dos senhores’. (Hitler’s Pope, p. 233).

O historiador Enrique Dussel comentou: “Ironicamente a Igreja (Católica) começou entre os socio politicamente oprimidos do Império Romano, mas hoje é parte ou parcela das nações que oprimem os países periféricos. Frequentemente a Igreja está unida com a cultura dominante, especificamente a nível nacional. A Igreja que era encarnada no mundo como a semente na parábola do Semeador Jesus (Mt 13:1-9) tornou-se identificada com a carne ou com o sistema da Totalidade. Esta identificação com o ‘Príncipe deste Mundo’ é o pecado da Igreja hoje (Do Imag. à Sta. Inquisição, p. 261-262).

Está claro que o Vaticano deseja a volta dos protestantes e a união com os orientais muçulmanos, judeus e outros, desde que seja ele, o líder determinante das regras a serem estabelecidas. Unir-se-ão em breve, pois os Estados Unidos da América lhes darão, e já lhes estão dando forças para este objetivo. A pedra de tropeço, os minoritários serão suplantados pelos decretos estatais que lhes cassarão os direitos humanos mais elementares como os de viver. O que está por vir, virá. É questão de tempo e não de decisão.

 

ARTIGO escrito por Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História
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Jornal O Semanário

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