O quê! Mulher negra sentada no banco reservado aos brancos! Aos negros só eram permitidos os bancos do fundo, e se não houvesse brancos em pé. A negra Rosa Parks estava sentada na primeira fileira de bancos dos negros. Como entraram quatro passageiros brancos, o motorista ordenou que ela cedesse o lugar para uma branca. Ela recusou veementemente e por isso foi presa. Aconteceu em 1/12/1955. Ela só saiu da cadeia no dia seguinte porque Edgard Nixon King e Clifford Durr pagaram a fiança. Martin Luther King Jr. liderou um boicote contra a segregação racial, incentivando os negros a não tomar ônibus, causando enorme prejuízo à empresa de ônibus de Montgomery, durante 381 dias, fim dos quais o Congresso considerou inconstitucional a segregação. Em 1990 o Presidente Bill Clinton outorgou à Rosa Louise Parks uma Comenda. Apesar da vitória e haver recebido muitos louros, ela, viúva, foi ameaçada de morte, boicotada, não conseguia emprego. Foi despejada pelo banco, sendo acolhida pela Igreja Batista e pelo Pr. M. Luther King, Jr. ela continuou a luta pelos direitos civis dos negros, participou de marchas e outros movimentos. Houve um movimento popular e o banco resolveu perdoá-la e permitir que morasse no apartamento até sua morte em 24/10/2005. Foi velada pela Guarda Nacional com a presença de várias autoridades, líderes e amigos.
Rosa Louise recebeu várias homenagens: nome de rua em Detroit: “Rosa Parks Boulevard”; Premiada com a medalha “Spingal Medal”; passou a fazer parte do “Women’s Hall of the Fame de Michigan”; fez parte do grupo de Boas Vindas a Nelson Mandela em 1990; recebeu a medalha “Mother of The Modern Day Civil Rights Moviment”; homenageada em Ohio ao dar nome à parte da “Interstate Road” (475); premiada pela “Abbey Foundation Courage of Conscience Award”; agraciada com a “Presidencial Medal of Liberty” do Presidente Bill Clinton; premiada com o “International Freedom Conductor Award”; recebeu a Medalha de ouro do Congresso.
Como homenagem póstuma a empresa Apple publicou sua foto encimada pela escrita: “Think Different” e em baixo: “Rosa Parks: 1913 – 2005”.
Preciso destacar Hortense Lougué em Burkina Faso, África, mulher de fibra e coragem, incansável na luta pelo direito de educação das mulheres, de liberdade para escolher com quem casar, contra o costume de cortar o clitóris das meninas para que não sintam prazer e contra outras injustiças para com as mulheres. Ela expôs sua vida nessa causa dando assistência às mulheres que sofreram tal mutilação.
Há um vasto exército feminino que luta corajosamente pelos direitos de igualdade entre homens e mulheres. O Brasil tem suas heroínas participantes nessa guerra pelos direitos femininos:
Dionísia Gonçalves Pinto (1810-1885), nascida na cidade Nísia Floresta (seu pseudônimo) – RGN, educadora, poetisa, jornalista, escreveu livros e muitos artigos em defesa dos direitos dos índios, negros e das mulheres, principalmente sobre o direito à educação.
Bertha Maria Júlia Lutz (1894-1976), filha do famoso médico Adolpho Lutz. Bióloga, funcionária pública, lutou pelo direito de educação da mulher, conseguiu o direito de voto, participou da elaboração da Constituição Brasileira de 1934, deputada federal, defendeu os direitos trabalhistas da mulher e do menor, foi congressista representante do governo brasileiro no México no Ano Internacional da Mulher, representou o Brasil na ONU em defesa dos direitos humanos.
Falta-me espaço para escrever sobre a negra criadora do sindicato das domésticas Laudelina de Campos Mello, sobre a escritora, editora, tradutora, diretora da Editora Vozes, Patrona do Feminismo Brasileiro Rose Marie Muraro, e muitas outras.
Honremos as mulheres com nossa atenção, gentileza e reconhecimento: Quão grande mulher é (ou foi) nossa mãe, esposa, filhas! Honremo-las e homenageemo-las, não postumamente, nem só no dia 8 de março, “Dia das Mulheres”!
ARTIGO escrito por Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História
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