Rafael Cervone*
O Dia da Indústria, 25 de maio, foi instituído em homenagem ao patrono da atividade no Brasil, Roberto Simonsen, falecido nessa data, em 1948. Sua trajetória sintetiza a força, resiliência e capacidade de trabalho do empresariado do setor, como se observa na região de Indaiatuba.
Tais características sempre foram marcantes naqueles que se dedicam a transformar matérias-primas em produtos para melhorar a vida das pessoas!
O primeiro grande impulso da manufatura brasileira ocorreu no período imediatamente posterior à Primeira Guerra Mundial, que criou dificuldades de importação, abrindo espaço para a produção nacional.
Nesse movimento, o CIESP, fundado em 28 de março de 1928, representou mudança fundamental para a industrialização. Nasceu para transformar não apenas métodos, mas também pensamentos.
A eleição da primeira diretoria teve o Conde Francisco Matarazzo como presidente e vice, Roberto Simonsen. Os demais cargos foram ocupados por representantes das principais empresas e ideias daquele momento, dentre eles Horácio Lafer, Jorge Street, José Ermírio de Moraes e Antonio Devisate.
A partir da década de 1950 do século passado, a indústria teve um novo impulso no Brasil, chegando a representar 25% do PIB nacional. Nas últimas quatro décadas, sua participação foi caindo, situando-se hoje em 11,3%. Não é sem razão que o crescimento econômico do País também tenha diminuído nesses 40 anos.
Afinal, o setor é um grande gerador de empregos, paga os melhores salários, é o que mais promove inovação e aporte tecnológico e agrega valor às exportações. Por isso, temos defendido perante o governo, com força e insistência, uma nova política pública de médio e de longo prazo para seu fomento.
A nova reindustrialização do Brasil é determinante para recuperarmos a economia, deixarmos de andar de lado e ascendermos ao patamar das nações de renda alta.
O fortalecimento do setor é decisivo para reduzirmos as desigualdades sociais e proporcionarmos vida de mais qualidade à população. Também é determinante para, como ocorreu na Primeira Guerra e no boom a partir de meados do Século 20, nos prepararmos para garantir um futuro melhor para nosso país e aproveitarmos as oportunidades claras que surgem no horizonte.
Estamos muito atentos a tudo isso no CIESP e na FIESP, que produziram o estudo Macrotendências Mundiais até 2040, visando subsidiar o avanço setorial e contribuir para políticas públicas corretas. Sempre na comparação entre 2020 e as projeções para aquele ano, alguns dados são relevantes: o PIB mundial deverá aumentar 70%, alcançando US$ 233 trilhões.
O Brasil terá 2,2% desse total; a população do planeta crescerá 18%, chegando a 9,1 bilhões; o contingente de idosos aumentará 77%, somando 1,28 bilhão. No Brasil, o índice da terceira idade no total da população crescerá de 9,6% para 17,7%.
Esses números nos dizem que os fatores impactantes das macrotendências são a saúde, alimentos, energia, infraestrutura, urbanização, mudanças no perfil do consumidor, trabalho e qualificação, segurança, entretenimento e turismo.
Mais do que nunca, a indústria desse amanhã que já se materializa será voltada às pessoas, o que implica atender à governança ambiental, social e corporativa (ESG), promover ganhos de produtividade que proporcionem melhor desempenho, mais empregos e inclusão e agregar tecnologias voltadas ao bem-estar.
Diante da grandeza dos desafios, reiteramos, neste Dia da Indústria, a capacidade e determinação dos empresários e recursos humanos do setor e manifestamos a certeza de que, como ocorreu até agora na História do Brasil, o futuro começa a ser construído no chão de fábrica!
*Rafael Cervone, engenheiro e empresário, é o presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP).