29/08/2014
Depressão e infarto
Artigo | Por Shigueo Yonekura
A depressão é tão importante no desenvolvimento do infarto quanto a hipertensão ou colesterol alto. Apesar da ameaça à saúde, a doença demora a ser identificada e em geral é confundida com melancolia ou tristeza passageira.
Hoje, a depressão é apontada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a quinta maior questão de saúde pública. Quanto mais grave a depressão, maior a probabilidade de problemas cardiovasculares.
Seu impacto sobre o coração não é apenas fisiológico, mas também compromete o lado comportamental. “O deprimido tem hábitos errados”, não se alimenta de forma correta, costuma ser sedentário, fuma em excesso e tende a exagerar na bebida alcoólica. A doença se caracteriza por sentimentos negativos devastadores.
A pessoa é dominada pela irritação, apatia, humor alterado, tem dificuldades de levantar da cama e, em muitos casos, se associa a ataques de pânico. Uma pessoa nessas condições não consegue nem pensar direito, por isso não tem condições de se alimentar bem e, muito menos, evitar alimentos gordurosos, cigarro e álcool.
O desequilíbrio da química cerebral desregula a química do corpo todo. A depressão aumenta a produção do cortisol, chamado hormônio do estresse. Em grande quantidade, o hormônio eleva a pressão arterial e os níveis de colesterol ruim, diminuindo o nível de colesterol bom, além de fabricar mais adrenalina, substância que em excesso pode acarretar arritmias cardíacas graves e diminuir a serotonina no cérebro.
O mais difícil da depressão é a pessoa aceitar e entender que se trata de uma doença, que necessita de ajuda especializada e, sem tratamento, pode causar meses de sofrimento, tanto para o portador quanto para as pessoas que fazem parte do seu convívio.