11/11/2016
De quem é a culpa?
EDITORIAL | Não é segredo para ninguém que clínicas de recuperação para dependentes químicos se multiplicam pelo país. Infelizmente, muitas delas, em vez de ajudar, só pioram a situação, que já é um drama para o paciente e também para a família.
Sem regras claras e fiscalização, com simples alvarás da Prefeitura e Corpo de Bombeiros, essas clínicas funcionam e prometem o que nunca poderão cumprir. Triste, porque além do estrago causado, acabam ‘queimando o filme’ de instituições que tentam desenvolver um trabalho sério com os dependentes químicos.
Quanto mais dependentes, maior o número de locais particulares dispostos a lucrar com o tratamento. Especialistas na área da Saúde não têm dúvida de que a maioria das clínicas para recuperação de dependentes funciona de forma irregular.
E Rafard não fica fora das estatísticas. Nesta semana, repercutiu nacionalmente, mais uma vez, uma operação da Polícia Civil que prendeu três funcionários do Centro Terapêutico Rafard, localizado na estrada da Laranja (SP-113) que liga Rafard a Tietê, no antigo clube conhecido como Caboré.
Maus tratos, cárcere privado, uso de medicamentos controlados sem receita médica e suspeita de abuso sexual dos internos são alvo de investigação da Polícia, que vai encaminhar as denúncias ao Ministério Público.
Essa não é a primeira vez que a Polícia intervém no CTR. Em dezembro de 2015, a PC cumpriu mandados de busca e apreensão e prendeu três funcionários. Na ocasião, réplicas de armas, munições e facas foram encontradas no local.
Cabe à Justiça, investigar, punir, interditar e também cobrar das autoridades políticas, fiscalização rigorosa e constante destes espaços. Afinal, são casos de sanidade e saúde pública. Diga-se de passagem, não é só em espaços privados que está faltando fiscalização e organização.
Sem generalizar ou culpar os profissionais, é preciso ter sorte quando precisar do serviço de Saúde, seja ele público ou privado. Por isso, é necessário a presença constante do gestor, para garantir o bom funcionamento da ‘coisa pública’.
