13/06/2014
Da barraquinha de churros para o altar: conheça a história de Valéria e Zeny
Os dois se conheceram em 2007 e são pais de Maria Eduarda e Ana Luíza
CAPIVARI – Ela tem 26 anos; ele, 34. Ela chegou a morar num convento em Curitiba (PR), ele queria ser padre. Apesar do improvável cruzamento de destinos tão religiosos, a fisioterapeuta Antonia Valéria Pereira da Silva Andrade conheceu o eletricista industrial Zeny dos Santos Andrade em 2007, na barraquinha de churros do seu João, na Praça Central. Durante a conversa, Valéria contou que era corredora e, para impressionar, Andrade disse que também corria – era mentira.
Alguns dias depois, num evento no mesmo lugar, Andrade perguntou pela corredora ao seu João. “Ela está por aqui, sim.” Após procurar bastante, encontrou a moça e os dois marcaram um treino no Parque Ecológico. “A gente correu sete quilômetros. Eu quase o matei. Ele disse que estava ótimo e eu acreditei. Disfarçou bem”, conta Valéria. De treino em treino, os dois foram se aproximando e Andrade “abriu o jogo”, mas não teve jeito: começou a correr de verdade.
Um mês se passou para o primeiro beijo acontecer. “Eu achei que acabaria tudo ali. Engano meu. Eita homem insistente e chiclete; não saía do meu pé”, brinca Valéria e admite que, no início, não queria se relacionar com o eletricista. No entanto, como ele “não deu sossego”, acabou cedendo. Começaram a namorar. “Ele foi até minha casa me pedir em namoro, depois em casamento. Nós preparamos tudo. O buquê fui eu mesma quem fiz”, lembra a moça.
O casal comprou as alianças um dia antes do casamento, e quase não se casaram devido a cinco minutos de atraso, os quais foram duramente criticados pelo padre José Jorge Teodoro, pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima. A esposa de Zeny Andrade lembra que os dois sequer dormiram na noite anterior ao matrimônio, pois tiveram que cuidar dos arranjos de flores que decorariam a festa.
“Nós nos casaríamos às 10h no civil, mas fomos dormir às 5h e levantamos duas horas depois. A cerimônia católica seria um pouco mais tarde, às 16h”, diz Valéria. “Eu casei descalça, porque acredito que assim como o Senhor pediu a Moisés que tirasse as sandálias, pois o lugar no qual pisava era santo, o altar também é sagrado [Êxodo 3:5]. Mas foi muito confortável, já que sou um pouco mais alta que meu marido.”
Para o tão sonhado casamento, a fisioterapeuta conta que até uma tia “que nunca aparece” marcou presença. E dormiu na casa dos noivos na noite de núpcias. Porém, como Valéria mesma diz “brasileiro não desiste nunca” e logo decidiram passar a lua de mel na praia, longe de olhares conhecidos e dando chance para o clima de romance tomar conta da viagem merecida, como deve ser.
“Parece que foi ontem que nos conhecemos. Passamos por tantas coisas juntos, amadurecemos. Jamais imaginei que construiríamos uma família tão bonita e abençoada.” O casal é pai de Maria Eduarda, 4, e Ana Luíza, de 11 meses.
Valéria garante não se arrepender de nada que fez até hoje, nem mesmo do dia em que deixou o convento. Ela acredita que Deus a criou para construir uma família. “Nos momentos difíceis a gente se encontra enamorados, apaixonados um pelo outro, principalmente quando estamos sofrendo, e com um propósito de vida”, afirma.
E o churros da barraquinha do seu João continua sendo o doce preferido dela e de Zeny, sobretudo das filhas. Espectador do primeiro encontro dos dois, o comerciante se tornou o “mais querido” padrinho de casamento. E, com o passar dos anos, Valéria Andrade parou de correr profissionalmente. Segundo ela, não dá mais tempo. “Hoje, só corro atrás das crianças.”