Com certeza as pessoas com mais de 50 anos hão de se lembrar dos tempos de escola em que o atual ensino fundamental, eram divididos em primário e ginásio.
Estou me reportando aos anos 60, quando os alunos que concluíam a 4ª série do primário, se quisessem tinham a opção de cursar o ensino ginasial, mas antes teriam que fazer o curso de admissão e ser aprovado no exame.
Aqui em nossa cidade não era diferente e os pais empenhavam-se, incentivando seus filhos a que tivessem bom desempenho para que pudessem ter a oportunidade de cursar o ginasial na Escola do Padre Renato (foto), que funcionou inicialmente no Círculo Operário e depois no prédio atrás da igreja matriz.
O curso ginasial era no período noturno, pois os jovens começavam a trabalhar muito cedo para ajudar no orçamento doméstico das suas famílias.
Os professores eram excelentes em ministrar suas aulas, visto que faziam do seu mister de ensinar uma missão.
Tudo isso que vos escrevo, são fatos que estão bem vivos em nossa memória, tais como as provas impressas em mimeógrafo com letras azuis que eram distribuídas ainda com o forte cheiro de álcool e algumas até borradas.
Uma grande modernidade para aqueles tempos, assim como as máquinas de datilografia manual.
O chamado “quadro negro” era negro mesmo e não verde e nem branco. O professor usava o giz e não pincel atômico, até porque nem existia. As cadeiras escolares eram para dois alunos, não havia cadeira individual. Os cadernos não eram de arame, com folhas individuais, era caderno brochura e traziam na contra capa o Hino Nacional, da Independência e da Bandeira, que eram sempre cantados no início das aulas.
Todos os alunos tinham caderno de desenho, caderno de caligrafia, impecavelmente encapados e limpos. As réguas eram de madeira e muitos dos materiais que os alunos necessitavam eram fornecidos pelo Governo.
Sempre que converso com pessoas da “Velha Guarda” a maioria diz sentir saudades desse tempo em que na escola pública, era onde se depositava a excelência do aprendizado. Tempo esse, que as pessoas com menos de 50 anos hoje, não tiveram o privilégio de conhecer e vivenciar.
Hoje, mesmo com todas as facilidades trazidas pela evolução no ensino, muitos ainda não perceberam que a oportunidade perdida não retorna mais e muitos alunos de hoje não estão sabendo aproveitar as muitas facilidades que hoje se tem às mãos com a internet. Isso é triste, pois é certo que o mercado de trabalho é que vai selecionar os mais qualificados e muitos que estão alheios a essa percepção, somente se darão conta no futuro, quando enfrentarem os desafios se lhes apresentarem. Triste!
