ColunistasLeondenis Vendramim

Curiosidades: Portugal e o português (Santo Antônio) 7

Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História

Nestes dias os católicos comemoram os festejos juninos e o primeiro santo a ser homenageado é Santo Antônio. Os portugueses, de acordo com João J. Reis e Flávio Gomes (Liberdade Por Um Fio, 113), “Deus, entre todos os reinos do mundo, escolheu particularmente Portugal para Seu Império e Sua própria morada na Terra. E tudo isso se deve a Santo Antônio, por ser ele o Sol do mundo e Portugal, o império de Deus”.

A 15 de agosto de 1195, nascia Santo Antônio de Pádua. Pádua é uma cidade Italiana, com mais de 200.000 habitantes (há uma cidade de Santo Antônio de Pádua- R.J., fundada em 26/7/1883 em homenagem ao Santo). Acontece que ele não nasceu em Pádua, mas em Lisboa, Portugal. É filho de Martinho de Bulhões e Maria Tereza Taveira e seu nome verdadeiro é Fernando Bulhões. Entrou para a ordem agostiniana, tornou-se mestre em teologia. Como penitência viajou para Marrocos (a África era conhecida pelos europeus como ‘Terra dos Infiéis’, ‘barbárie’, ‘inferno’) para converter os muçulmanos. Aqui, em 1220, passou para a ordem franciscana com o nome de Frei Antônio. Ele esteve na Itália e França para combater aos valdenses e albigenses e por isto recebeu o título de “Martelo dos Hereges”. Santo Antônio faleceu em Pádua, Itália, no dia 13/6/1231. Foi canonizado na Catedral de Spoleto, em 31/5/1232, pelo papa Gregório IX, que santificou esse dia. Em 1263, seus restos mortais foram transladados para a Basílica de Santo Antônio de Pádua, construída em sua memória.

Os padres jesuítas coligiram mais de 50 milagres realizados por Santo Antônio desde criancinha: ressurreições, controle das forças da natureza e de feras, curas e muitas outras. Converteu um sapo em um frango e transformou outro frango em sapo, a fim de confundir um herege. Fez um recém-nascido falar para defender a honra de sua mãe. Tinha o dom de estar trabalhando em Milão, e ao mesmo tempo em Lisboa salvando o próprio pai, condenado à forca. Quando um noviço fugiu do seminário levando um precioso saltério, o Santo intercedeu e o próprio Diabo obrigou-o a voltar ao convento, recuperando o saltério e a alma do ladrão arrependido. Deus destinou Sto. Antônio a restituir coisas perdidas ou roubadas” (Idem, 114).

Publicidade

Reza uma lenda que em Nápoles, havia uma moça cuja família não podia pagar seu dote para se casar. Ajoelhada aos pés da imagem de Santo Antônio a jovem pediu a ajuda do Santo. Milagrosamente, ele lhe entregou um bilhete e disse para procurar determinado comerciante. O bilhete dizia que o comerciante desse à moça moedas de prata equivalentes ao peso do papel. O homem não se importou achando que o peso daquele bilhete era insignificante. Para sua surpresa, o bilhete pesou 400 escudos da prata. Então, o comerciante se lembrou de que outrora havia prometido 400 escudos de prata ao Santo, e nunca havia cumprido a promessa. Santo Antônio fez a cobrança de modo maravilhoso! A jovem pôde casar-se e a partir daí, Santo Antônio recebeu a atribuição de “casamenteiro”. Outra lenda diz que certa moça, desgostosa com a ingratidão do Santo, que não lhe arrumava um noivo, atirou a imagem pela janela. Neste exato momento, passava um jovem, que atingido pela imagem, apanhou-a, entregou à jovem e se casaram. Atribuíram o milagre ao Santo.

Segundo alguns, é necessário castigar sua imagem para ser atendida, por isso, muitas jovens colocam sua imagem de cabeça para baixo até que seu pretendente apareça. Outras tiram a imagem de Jesus do colo de S. Antônio e diz à imagem que só devolverá quando o Santo lhe der um noivo.

Pe. Vieira diz que S. Antônio é universal, “é patriarca, profeta, apóstolo, mártir, confessor e virgem”; (Santo Antônio) “foi tão grande que Cristo, diante dele, parece pequeno”. Santo Antônio é como o Sol e o Filho de Deus uma simples lâmpada; pois enquanto o franciscano converteu 22 ladrões duma só vez, Jesus converteu apenas um. Em 1595 sua imagem atravessou o Atlântico da costa africana ao Brasil, pondo-se em pé na praia. Disse Pe. Jaboatão que sendo a imagem golpeada a facão pelos calvinistas, vertia sangue, o que aconteceu com outras imagens do mesmo santo. Santo Antônio conseguiu ser visto, em vários estados, da Paraíba a S. Paulo e Goiás, 600 anos após sua morte, de 1638 até 1814, lutando como soldado contra os protestantes, defendendo a Colônia, aprisionando escravos fugitivos, guerreando contra os quilombos dos Palmares (1695), ocupando cargos hierárquicos elevados, ganhando altos salários em cada estado. D. João VI (1767-1826) deu-lhe uma bengala com 84 rubis, 72 crisólitas em ricas incrustações de ouro e tartaruga. (Liberdade por Um Fio, 120-121). Se o santo morreu 600 anos antes, os salários e a bengala foram pagos a alguém. Já havia “laranjas”, propinas e corrupção desde aquela época! Que Brasil tradicional!

ARTIGO escrito por Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal. São de inteira responsabilidade de seus autores.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo