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Curiosidades: Portugal e o português 8

Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História

Diziam os portugueses que o Infante D. Pedro, numa das quatro viagens pelo mundo, conseguiu licença de Preste João para ir até onde não houvesse mais humanos, onde além de 680 léguas (4488 km) avistou o Éden e seus 4 rios: Fison, Gion, Tigre e Eufrates. Como já dissemos, os lusitanos transferiram, ideologicamente, o Éden para cá. Os exploradores e os jesuítas viram que a América do Sul tinha forma de coração e aqui foi que o homem nasceu (Do Im. à Sta Inq., 101. “O padre Pero de Magalhães Gandavo disse que nesta província de Santa Cruz de tal maneira se comediu a natureza na temperatura dos ares que nunca se sente frio, nem quentura excessiva” (Do Im. à Sta. Inq., 100). É como ressonância do dito por Isidoro de Sevilha sobre o Oriente “nele não há frio, nem quentura”. Ao jesuíta José de Anchieta parecia “de tal maneira temperadas aqui as estações que não faltavam no tempo do inverno os calores do sol para contrabalançar os rigores do inverno, nem no estio, para tornar mais agradáveis os sentimentos, as brandas aragens e os úmidos chuveiros. O Pe. Nóbrega, já em 1549, escreveu sobre o clima baiano: “o inverno ali não é frio, nem quente e que o verão, embora mais quente, bem se pode suportar”. A teoria do cronista dos jesuítas Pe. Simão de Vasconcelos era: “estava na América, mais precisamente no Brasil, o Paraíso” (Visão do Paraíso, XXIII).

O Dr. Antônio de Leon Pinelo, honrado por seus títulos e cristão sem mancha de heresias do judaísmo, conselheiro de Castela, cronista-mor, embora tivesse dois avós queimados pela fogueira da inquisição, digno de toda aceitação, escreveu 5 livros defendendo que o Paraíso terrestre estava na América e identificou os quatro rios edênicos: Fison (Madalena); “Gion” (Amazonas); Eufrates (Orenoco) e Tigre (Prata) (ver Gn 2:9-25; 3:1-24). Nisto foi confirmado pelos padres Fernando de Montesinos, S. Vasconcelos, Serafim Leite e outros.

Encontrou-se no Brasil a árvore da ciência do bem e do mal. Não era a macieira, nem a figueira, mas o maracujazeiro (Passiflora). Dizia Pinelo, “porque na forma, no sabor, na cor e outras qualidades eram semelhantes aos da fruta, instrumento de feitiço e perdição aos olhos de Eva”. (Do Im. à Sta. Inq., 101). Não me perguntem como ele sabia a cor, o sabor, o formato e qualidades da fruta do “bem e do mal” do Éden. Para Pinelo o homem foi criado aqui, e aqui ficou até o dilúvio. Noé construiu a arca na cordilheira dos Andes, pesando 28.125 toneladas, começando o dilúvio no dia 28/11/1656 e desembarcou no dia 27/11/1657 na Ásia (faltou dizer a hora).

O Pe. Gandavo, baseando na opinião dos padres Manuel da Nóbrega e Fernão Cardin dizia que a imortalidade, a vida sem dor, nem cansaço, o eterno ócio, porque a enxada e as outras ferramentas plantavam sozinhas e colhiam abundantemente. O Brasil é um “horto de delícias cheio de árvores aprazíveis… para comida… isento da dor e da morte, desobrigado de esforço para produzir o pão” (Visão do Par., 173). Pe. Brandônio dizia que aqui corriam de fato: “leite e mel”. Segundo Frei Jaboatão, os lusos foram conduzidos por Deus para descobrir o Paraíso. Américo Vespúcio comparou nossa era com o Éden: os nativos eram mais corpulentos, fortes, viviam até 132 anos e alguns dilatavam até 140 anos. Também não há “aleijados, tortos ou contrafeitos”. Vindo para cá os doentes eram sarados e aqui havia a “Fonte da Juventude”. Era mau negócio virem os médicos para cá. (Do Im. à Sta. Inq., 103).

Com suas viagens longas, os viajantes comiam carnes e outros alimentos apodrecidos, muitos morriam com escorbuto, suas gengivas inchadas “mal cabiam na boca,” apodrecidas fediam. Algum curioso cortava a gengiva

Gandavo escreveu que neste “paraíso” havia montanhas auríferas reluzentes. Era tal a quantidade, que os índios faziam gamelas de ouro para dar a comer nelas aos porcos; eles mesmos não o faziam porque “aquele metal endoença”. Gandavo diz que Tomé de Souza, governador do Brasil mandou alguém procurar tais montanhas.

Estou a procurar o paraíso! Disseram-me que em Brasília há sobrando gasolina, ouro, roupa finíssima, pão, leite e mel, ninguém precisa trabalhar. Aos “anjos” de Brasília nada falta! Eles matarão o monstro Moro! Heureca! O Éden é Brasília!

ARTIGO escrito por Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História
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Jornal O Semanário

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