Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo

Criança é investimento, gaste muito com ela

Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é especialista em dependência química pela USP/SP-GREA

“Pai: dai ao culpado o arrependimento; ao espírito, a verdade; à criança, o guia, e ao órfão, o pai.” Prece de Cáritas, em O Evangelho Segundo o Espiritismo

O exemplo é de Jesus, que em criança foi encontrado conversando com os doutores da lei, sobre as coisas das escrituras, dos profetas e da obra de Deus.

Ele, o mestre de Nazaré, não fazia distinção e conversava com homens estropiados, mulheres anônimas e algumas crianças esquecidas, de quem disse: “Deixai vir a mim os pequeninos” (Marcos 10:14). Na verdade, todos nós, os infelizes e os felizes da Terra, nos transformamos em sua grande família.

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O mentor (1) de Chico Xavier comentava sobre Jesus e as crianças: “Quem serve no amor do Cristo sabe que a boa palavra e o gesto de carinho, o pedaço de pão e a peça de vestuário, o frasco de remédio e a xícara de leite operam maravilhas. Proclamas, a cada passo, que esperas, confiante, o esplendor do futuro, mas, enquanto essas outras crianças chorarem desamparadas, clamaremos em vão pelo mundo melhor”.

O poeta e dramaturgo inglês William Shakespeare também dizia: “Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens; poucas coisas são tão humilhantes, e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso”.

Na vida somos aprendizes e educadores, e estamos dando exemplo a todo momento, mesmo que, às vezes, não nos demos conta disto. Esses comportamentos nossos são importantes, e muitas vezes perigosos, porque estamos ensinando às crianças e aos filhos.

Uma mãe conversava com o filho e dizia carinhosamente que não queria que ele crescesse, porque assim o teria no colo, poderia carregá-lo, beijá-lo com facilidade, e ele insistia que não, que queria crescer, ficar grandão.

Então indaga a mãe: “Mas por que você não quer ficar pequeno e deseja crescer, meu filho?”.

O menino, em torno dos três anos, respondeu: “Para beber cerveja como meu pai”.

Converso semanalmente com internos em tratamento em clínicas, e os exemplos dos pais que começaram dando a espuminha da cerveja e mandando o filho acender o cigarro para ele os levaram àquele lugar e àquela dependência.

Se os pais compreendessem que o exemplo é tudo, que vale mais do que mil palavras; que quanto mais cedo parar de fumar, menor o risco de adoecer; que quem não fuma aproveita mais a vida, agora e no futuro, no Além – não terão a cobrança de terem sido mau exemplo para os seus.

E se você é filho, retribua o mal que sofreu com o bem que alivia e cura.

ARTIGO escrito por Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é especialista em dependência química pela USP/SP-GREA
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Jornal O Semanário

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