Funcionários das duas cidades não aderiram à greve; categoria quer impedir a redução dos salários e de benefícios, e é contra a privatização da empresa; estatal fala em ‘paralisação parcial’ e compromisso com ‘empresa sustentável’
Os funcionários dos Correios entraram em greve geral por tempo indeterminado. A greve foi decretada na noite de terça-feira (10) em assembleias realizadas em diferentes estados do país.
A categoria quer impedir a redução dos salários e de benefícios, e é contra a privatização da estatal, que foi incluída no mês passado no programa de privatizações do governo Federal.
O reajuste salarial com reposição da inflação do período é um dos principais pontos reivindicados pela categoria. No entanto, os trabalhadores querem também a reconsideração quanto a retirada de pais e mães do plano de saúde, melhores condições de trabalho e outros benefícios.
A Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect) e a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect) afirmam que a greve é geral e todos os 36 sindicatos de trabalhadores dos Correios aderiram à greve.
“A decisão foi uma exigência para defender os direitos conquistados em anos de lutas, os salários, os empregos, a estatal pública e o sustento da família”, afirmou em nota a Findect.
“Mesmo com a mediação do TST, a empresa não recebe os representantes dos trabalhadores há mais de 40 dias e se nega a negociar, pois insiste em reduzir benefícios que rebaixariam ainda mais o salário da categoria, que já é o pior entre todas as estatais”, disse a Fentect.
São Paulo
Na capital, o Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares de São Paulo, Grande São Paulo e zona postal de Sorocaba (Sintect-SP) confirmou a greve e disse que estima que 70% da categoria já tenham aderido à paralisação nesta quarta-feira (11).
Ainda de acordo com o sindicato, foram feitos atos em frente a algumas unidades dos Correios da capital.
Outras ficaram fechadas, como a unidade da Liberdade, no Centro.
Na região de Campinas, algumas unidades informaram que ficarão fechadas. Outras, abriram para postagens e separação de encomendas, mas informaram que os carteiros aderiram à greve e que o serviço de Sedex não está funcionando.
O sindicato da categoria ainda não informou um balanço completo dos reflexos da paralisação, mas afirma que 70% do operacional (Sedex e carteiros) está paralisado.
Na região de Piracicaba, também no interior do estado, a entrega de cartas e de encomendas está paralisada, segundo o sindicato da categoria.
De acordo com Emerson Marcelo Vieira, diretor da entidade, cerca de 160 servidores do Centro de Distribuição dos Correios de Piracicaba cruzaram os braços, o que representa 90% do total de trabalhadores. A cidade tem também uma agência própria da estatal, enquanto as outras são franquias e não foram atingidas com a greve.
Microrregião
Em Rafard e Capivari, os funcionários dos Correios confirmaram à reportagem d’O Semanário que continuam trabalhando normalmente, sem previsão de paralisação.
Nota oficial
Em nota, Os Correios afirmam que participaram de dez encontros na mesa de negociação com os representantes dos trabalhadores, quando foi apresentada a real situação econômica da estatal e propostas para o Acordo dentro das condições possíveis, considerando o prejuízo acumulado na ordem de R$ 3 bilhões.
“Mas as federações, no entanto, expuseram propostas que superam até mesmo o faturamento anual da empresa, algo insustentável para o projeto de reequilíbrio financeiro em curso pela empresa”, explica a nota.
Segundo a estatal, no momento, o principal compromisso da direção dos Correios é conferir à sociedade uma empresa sustentável.
“Por isso, a estatal conta com os empregados no trabalho de recuperação financeira da empresa e no atendimento à população”, encerra o comunicado oficial.