23/06/2014
Corpus Christi
Artigo | Por Paulo Roberto Campos*
O dia de Corpus Christi é a data para honrar e adorar o Santíssimo Corpo e Sangue de Jesus Cristo realmente presente na Eucaristia, sob as aparências do pão e do vinho. Sublime mistério, que excede a pobre inteligência humana, pois nossos olhos mortais não veem senão o pão e o vinho. Mas temos a certeza de que é o Corpo de Cristo, pois para Deus nada é impossível.
Corpus Christi é a manifestação pública da fé no dogma dessa presença real na Hóstia consagrada. Daí as belas procissões realizadas no mundo inteiro. No Brasil, de norte a sul, cidades enfeitam suas ruas com encantadores “tapetes” de flores para glorificar o Deus humanado.
A origem da festa de Corpus Christi remonta a uma religiosa agostiniana, Santa Juliana de Cornillon (1193–1258), a quem Deus revelou a conveniência para a Igreja de uma celebração dedicada a glorificar o Corpo de Cristo. Esta grande devota da Eucaristia foi superiora da abadia de Mont-Cornillon de Liège (Bélgica), fundada em 1124. Neste lugar, surgiu um movimento eucarístico que incentivou várias práticas de adoração à Hóstia Consagrada, como a Exposição e a Bênção do Santíssimo Sacramento.
Em 1246, Santa Juliana pediu ao bispo de Liège, Dom Roberto de Thorote, a instituição da festa de ação de graças pela presença real, em Corpo e Alma, de Nosso Senhor na Eucaristia. O Bispo concordou com a celebração na diocese, mas não chegou a ver cumprida a solenidade, pois falecera no mesmo ano.
Somente em 1250 o Cardeal Cher, também de Liège, decidiu instituir em toda a diocese a nova festividade. Assim, a primeira celebração, com o nome de “Fête-Dieu”, foi realizada no interior da igreja de Saint-Martin, num cerimonial dirigido pelo próprio Cardeal.
A primeira procissão de Corpus Christi realizada publicamente, ocorreu em 1264 — há exatos 750 anos. Ela percorreu as ruas da cidade de Orvieto (Itália). Certamente, nos tempos atuais, a mais bela manifestação pública em honra do Santíssimo Sacramento.
Com a bula Transiturus de hoc mundo, de 11 de agosto de 1264, o Papa Urbano IV estendeu a todo o Orbe católico a Festa de Corpus Christi, a ser celebrada publicamente de modo solene pelas ruas e praças. A data da comemoração foi fixada para a quinta-feira após o dia da Santíssima Trindade. O dia foi escolhido em memória da celebração da primeira Missa celebrada por Nosso Senhor, na última ceia com os Apóstolos, que foi na Quinta-Feira Santa, quando instituiu o incomparável Sacramento da Eucaristia.
Assim, com o fato de Nosso Senhor habitar para sempre entre nós — a fim de ouvir as múltiplas súplicas dos homens e atendê-las quando necessárias para a salvação eterna deles — cumpriu-se esta promessa divina: “Eu estarei convosco até a consumação dos séculos” (Mt 28,20).
*Paulo Roberto Campos é jornalista e colaborador da Agência Boa Imprensa (Abim).