Nóis era dois cara de pau!
Ou mió: dois pau d’água.
Eu e o Rezende, amigos como se fosse irmão.
Amizade sincera, amigo do coração!
Saímos pela estrada pedindo uns trocados pra viagem.
Conseguimo e fomo pra estação!
Estação ferroviária pra pegá o trem.
Meio cambaleando, andando pra lá e pra cá.
Compremo passage e subimo no trem.
Era di noite, quase que não dava pra enxergá bem.
O meu amigo Rezende resorveu me desafiá a pulá um dos vagão do trem!
Ei queria de quarqué jeito que eu pulasse também.
Eu até que falei: não pule que ocê num tá bem!
Mais ele até se zangô comigo, e disse que era eu que tava com medo de cair do trem.
E no segura pra cá, segura pra lá, no vai e vem
O Rezende pulô, e num conseguiu chegá até o outro vagão.
E acabô ficano pendurado, segurano somente cuma das mão.
E na gritaria, naquela confusão, o meu amigo Rezende, eu não consegui puxá ele de vorta.
Porque nem eu e nem ele tava bão.
Nóis bebia o dia inteiro, e naquele dia nóis secô um garrafão.
Naquela hora, o Rezende gritava tanto pra que eu fosse ajudá!
E eu não consegui, e sua mão começô escapá.
E eu vi o meu amigo Rezende se sortá.
E caindo, o trem vai arrancando sua perna.
Sai uma, a outra logo em seguida, até que naquele baruio do trem muita gente grita e eu tamém!
Vimo o Rezende sendo estraçaiado pela roda do trem.
Nas pedra, nos dormento, nos trio, sendo despedaçado.
Perdi o meu amigo, o meu cumpanhero! Fiquei sozinho!
Fiquei parado aqui na linha do trem!
Eu espero e meu amigo nunca mais vem.
Na chave do trem, aqui na parada, foi onde perdi meu amigo Rezende!
Que morreu despedaçado pelo trem.
Quando escuito o apito do trem marvado, que num parô quando o Rezende caiu!
O trem num parô quando os passagero pediu.
Seus pedaço ficano lá pra longe, jogado pelos trio!
Assim perdi meu amigo.
Assim perdi meu cumpanhero Rezende.
Nas roda do trem que partiu.
Quem me vê aqui parado, num entende
que eu tô bebendo e esperando pelo Rezende!
O meu amigo Rezende, meu amigo pingão.
Mais nóis era como se fosse irmão!