O seu José me convidou para pescar um pouquinho.
O seu Zé, meu sogro, gosta de pescar.
É caprichoso e tem seus apetrechos bem arrumadinhos.
Tem muitas histórias de pescaria para contar, mas fica quietinho.
Coloquei linha na vara, sem chumbo e sem fisga, com anzol bem miudinho.
Nos sentamos na beira do tanque, num confortável banquinho.
Preparamos a massa, a isca para pegar o peixinho.
Cevei o lugar primeiro, jogando ração, mas só um tiquinho.
Pousou bem perto de nós um pássaro, uma garça de penas bem branquinhas.
Eu fiquei ali parado, observando, pensando quietinho.
Vendo os peixes que pulavam, subiam com tanta rapidez, quase saindo da água.
Dava até para vê-los engolindo a comida.
Eu via peixes grandes e miudinhos.
Continuei parado.
Sem ter coragem de pescar o pobre do peixinho,
fiquei imaginando a dor que ele sente quando é pego de surpresa.
Engole com alegria a comida que aparece,
e num golpe rápido é puxado fora da água fria.
O anzol escondido no meio da isca quase rasga sua boquinha.
Depois é jogado de lado, o pescador nem olha nos seus olhinhos
para ver a tristeza e a dor que ele está sentindo.
E o deixa ali, se batendo, pulando até, querendo voltar para sua casa.
Para junto dos seus pais ou filhotinhos.
Acabei perdendo a coragem de pescar. Deixei a vara de lado.
Fiquei apenas jogando alimento aos pobrezinhos
e apreciando a beleza da natureza.
Com a certeza de que, sem este alimento, fome não iria passar.
Acabei saindo da beira do tanque com sucesso na pescaria.