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Conto do Caipira: Viagem a Ouro Preto

Viajamos a Ouro Preto
Meu sonho sendo realizado
No Pouso do Alferes
Onde ficamos hospedados
Um lugar muito bonito
Retirado do povoado
Atendimento de primeira
Seu César e dona Vera
Um casal abençoado
E muito educado

Aquele pãozinho de queijo
Mesa farta
Café da manhã
Cada dia diversificado
Jamais vamos esquecer o café delicioso
E bem reforçado

Depois de passar o dia em Mariana
O trenzinho bem lotado
Avistando as minas lá embaixo
Fotografei e filmei
Ficou registrado
As minas por baixo da terra
Cheguei a ficar assustado

Na casa do pai do Aleijadinho
Que me deixou encantado
Ainda existe uma cadeira antiga
Sentei nela e fui fotografado

Entrando nas igrejas antigas
Eu ficava admirado
Tinha um piano de cordas
Que não podia ser fotografado
Até o celular tinha que ser desligado
Uma senhora tocava
Fiquei arrepiado

Chegando na igreja dos Pretos
Já estávamos bem cansados
Era tarde
Chegamos um pouco atrasados
Devido à subida que nos deixou acabados
Pessoas indo embora
O zelador, a porta já tinha fechado
Mas quando nos viu chegando, abriu
E para entrar fomos convidados
Nos viu com celulares e máquinas fotográficas
Se prontificou dizendo: “subam no altar”
Ele mesmo nos fotografou
“Fiquem à vontade na casa do Senhor”
Nos deixou emocionados com o jeito que nos tratou

Por dois dias almoçamos em Mariana
Num restaurante na praça, em frente à igreja
Um lugar abençoado
Antes do escurecer voltávamos para a pousada
O quarto bem arrumado
Uma varando com vista para a mata
Onde se ouvia o sapo com suas cantigas
Pareciam batidas de um martelo
De manhã bem cedinho
Com aquela brisa de um sereno fresquinho

Naquela varando do quarto
Os canarinhos da terra vinham pulando no chão
Procurando migalhas de bolachas ou pão
Que por nós foram jogados
Que saudade

Um dia antes de voltar para o aeroporto
Fomos conhecer e saborear os doces de São Bartolomeu
Também almoçamos por lá
No paço da igreja
O nome de um festeiro numa placa
Euripes Junqueira
Mesmo sobrenome que o meu

Ainda guardo aquela pequena pedra
Com autorização da moça que nos guiava
E explicava como trabalhavam os mineiros
Por volta do ano de 1940
Cada homem que trabalhava 15 anos na mina
Tinha que ser aposentado

Depois desta viagem que fere meu coração
Deixo neste conto alegre e triste
Meus sentimentos àquele povo bom das minas de Mariana
Quanta recordação
Minha vontade mesmo era ficar em Ouro Preto
Esculpindo em pedra sabão

Toninho Junqueira

Toninho Junqueira é locutor há mais de 40 anos, escritor e restaurador de cadeiras antigas e imagens sacras. Desde 2021, conduz sua própria rádio, a São Gonçalo, com 24 horas de programação sertaneja raiz. Fale com o autor por telefone ou WhatsApp: (19) 99147-8069.

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