De uns tempos para cá ter muita posse de bola virou sinônimo de futebol bem jogado. Para não ficar vago, esse conceito ganhou força mais precisamente a partir do Barcelona de Pep Guardiola – que para mim foi o melhor time do mundo de todos os tempos (considerando minha ‘vida útil’ como observador de futebol que vem a partir de 1992).
Eu poderia fazer textos e mais textos exaltando esse conceito de jogo, esmiuçando suas particularidades e dificuldade de implementá-las. Argumentos para isso não faltam! Porém quero trazer outro lado: a beleza estética que há no oposto, no antídoto para conter essa ideia encarnada por Guardiola.
Me encanta também ver uma marcação zonal bem executada. Ou então um bloco defensivo, mesmo que em linha média ou baixa, flutuando coordenadamente para o lado da bola. O que dizer então de um contra-ataque mortal?! Poucos passes longos e verticais que podem criar uma chance cristalina e óbvia de gol…
Por inúmeros motivos que vão desde as regras até o tamanho do campo e tamanho do gol, o futebol é um jogo em que a defesa se sobressai ao ataque. Podemos ter uma equipe realizando noventa, cem ações ofensivas e não marcando nenhum gol – ou seja, a defesa leva vantagem na esmagadora maioria das vezes.
Por tudo isso, a concentração, a habilidade, o foco e inúmeras outras competências são muito mais requeridas com a bola do que sem ela. Contudo isso não exclui a beleza que os conceitos defensivos carregam. O futebol é muito complexo para apontarmos apenas um estilo de jogo como o melhor. Ou o mais bonito.
O futebol é o esporte mais admirado do mundo por ser o mais democrático. Vale exaltar todas as maneiras de joga-lo até porque a crueldade da máxima ´o que é importa é o resultado´ ainda impera. Dá para ganhar de várias maneiras! Ver beleza em todo tipo de conceito é uma tarefa deliciosa de se fazer. Experimente, vale a pena!
ARTIGO escrito por Marcel Capretz
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