11/11/2016
Comemorações IV
ARTIGO | Após uma pausa para respeitosamente reverenciar a memória dos parentes e amigos falecidos, retornamos à história da formação dos então vilarejos desta região, formados por pessoas conhecidas por “arranchados”. No recenseamento ituano aparece bem caracterizado o bairro de Capivari aparece em 1790, com 29 pessoas. A população dos “arranchados” era flutuante, consistindo em sua maioria, de trabalhadores contratados para a execução de serviços por empreitada, o que concluída, mudavam-se para outras paragens alterando sensivelmente o volume da população local. No recenseamento de 1781 registraram-se dados interessantes: A fábrica de açúcar do Capitão Manoel José de Almeida Leme rendeu 240 arrobas de açúcar alvo, 200 do redondo e 40 do mascavo, reservando-se 16 arrobas para o gasto da fazenda. A pequena diferença de produção entre o alvo e o redondo, demonstra que a cana não estava em boas condições de maturação na época da safra, produzindo mais a sua fazenda: 16 arrobas de arroz e 5 de café. O proprietário dispunha de 14 escravos, tinha 59 anos de idade e estava casado com Dna. Maria de Arruda Pacheco da qual houvera os filhos: Joaquim de Almeida Ferraz com 13 anos; Fernando de Almeida Leme com 11; Antonio de Arruda Leme com 9; Manoel de Arruda Castanho com 7; José com 6; Maria com 5 e Francisco de 3. A mulher do Capitão tinha 29 anos.
Antonio Pires de Almeida Moura, seu irmão, casado com Gertrudes de Araújo Campos, tinha 38 escravos e obtivera rendimento de 3.000 arrobas de açúcar. Era um dos mais ricos lavradores do bairro, contava 33 anos e possuía os seguintes filhos: Vicente com 2 anos, Ana com 3; Francisca 1a. e Joaquim com 3 meses de vida. A Fazenda Itapeva. – Como relatamos linhas atrás, a cidade de Capivari quase se localizou no Itapeva, junto à fazenda deste nome, em virtude não só de ser aquele ponto, lugar de trânsito obrigatório por causa da ponte sobre o rio Capivari, como pela influência que desfrutava na região o Padre João Ferreira de Oliveira Bueno, fundador dessa propriedade agrícola.
O Padre Ferreira pertencia a uma das famílias mais poderosas da Capitania. Seu pai, português de nascimento, era comerciante de enorme fortuna, estabelecido em Santos, onde negociava em larga escala, mantendo navios cargueiros navegando por sua conta entre a Metrópole e os portos da colônia. O Padre Ferreira estudara em Coimbra, viajara pela Europa, e, mercê do prestígio que lhe vinha do pai endinheirado, gozava de enorme consideração na sociedade colonial do tempo. Em 1795, atraído como os demais moradores de Itu e Porto Feliz pela fama das terras capivarianas, tirou também, carta de sesmaria neste sertão, entrando na posse das terras que ficavam à “esquerda da estrada que segue para a povoação de Piracicaba”, tendo o “ponto central ou pião” na barra do córrego Itapeva “que deságua e vai ter ao rio Capivari”.
A beleza do sertão capivariano fez época na Capitania. A mataria cerrada e imponente, de madeiras de lei, que lhes vestiam as terras, aos campos de capim mimoso e fauna que lhes animava as florestas, as macegas, os banhados e ribeirões, juntava-se o ar seco e diáfano, leve e puro, onde a luz apresentava com uma fulguração desconhecida nos demais recantos de São Paulo. OBS. Já quase nada mais resta em Capivari, da fauna que lhe enriquecia o sertão. A destruição das matas e a caça sem quartel, dizimaram, senão extinguiram os mais valiosos espécimes da nossa fauna entre as quais poderíamos citar os veados (galheiros, pardos, catingueiros e campeiros), caetetus, antas, porcos do mato, guarás, onças pintada e parda, jaguatiricas, tamanduás, gambá, ouriços, tatus, cutias, preás, pacas, lontras, ariranhas, iraras, gatos do mato, bugios, macacos, saguis, as garças, marrecas, patos selvagens, jaós, biguás, socós, gaviões, jacutingas, seriemas, saracuras, rolas, araras, pombas, periquitos, papagaios, cabarés, curiangos, pica-paus, tucanossús, bem-te-vis, sanhaços, andorinhas, bobós, cardeais, inhambus, chororós, etc. A capivara, origem da denominação do município, ainda habita as suas águas, em quantidade, relativamente apreciável.
Cidadania
No dia 8 p.passado, atendendo a gentil convite, participamos de uma Sessão de Câmara onde foi aprovada por unanimidade a proposta do Presidente do Legislativo Rafardense, a homenagem ao Professor Tarcísio Colnaghi, ocasião em que à um auditório totalmente ocupado por seus parentes, colegas e amigos foi lido, o seu currículo, destacando suas obras de benemerência em prol da educação em mais de uma dezena de cidades, incluindo Rafard, fazendo-se portanto, por justiça merecedor dessa honrosa Moção de Gratidão.
Foi agraciado com a Medalha “Genaro Vigorito” em Moção de Gratidão. Varias pessoas discursaram parabenizando o homenageado bem como, elogiando o proponente e demais edis que aprovaram. Foi uma fraternal e magnífica reunião, em uma demonstração de que nem tudo está perdido.