Estamos no ano de 1945, e a Segunda Guerra Mundial já matou mais de 60 milhões de pessoas até o momento, mas há uma viva esperança no coração de todos, que após seis anos de conflito, esteja perto do seu final.
O reflexo desse conflito nas pessoas, na economia dos países, é de proporções mundiais, atingindo desde os grandes centros até as pequenas cidades com suas vilas, sítios, fazendas, com a falta de alimentos, medicamentos, trazendo desesperança ao mundo inteiro.
Na nossa Villa Rafard, que também sofria as agruras da Guerra, o clima não era diferente, tendo em vista os dias de angústia sofridos pelos seus moradores, grandes homens, pessoas altruístas que pensavam nas famílias menos favorecidas, onde faltava até mesmo o pão e o leite para as crianças.
Nossos personagens, aos quais devemos render todo nosso respeito, estima e gratidão, pois condoídos com a situação sofrida do nosso povo, se reúnem em 25 de agosto de 1945, na casa sob o número 77, da Praça da Bandeira, e em Assembleia aprovaram o Estatuto que criaria o Círculo Operário Rafardense – foto – (antes Círcolo Italiani Uniti), que dentre outros ideais tinha como princípio firme e inabalável, a Doutrina e Moral do Evangelho de Cristo, código Divino e inigualável de justiça, respeito mútuo e amor e harmonia entre os homens.
A sociedade abrigaria qualquer cidadão, sem distinção de cor, credo ou nacionalidade, cujo objetivo, segundo o seu Estatuto era o de prestar benefícios na área da Cultura Moral, intelectual, social e física, através de conferências, da sã imprensa, do rádio, do cinema educativo, teatro, esportes, proteção social, através de uma assistência carinhosa e eficiente nas oficinas, escolas e lares, advogando os interesses legítimos da classe, auxílios jurídicos, medicamentos farmacêuticos, dentários, obstétricos, e material, podendo tais benefícios – dizia o Estatuto – alcançar até mesmo não sócios, quando tratar-se de pessoas reconhecidamente pobres.
As condições para ser sócio, dizia o Estatuto aprovado por unanimidade, é ser respeitador da família e da religião; ter no mínimo 10 anos de idade; achar-se no gozo de seus direitos civis; não possuir ideais extremistas…
E ainda dizia que, embora se baseie nas encíclicas sociais, não se exige que seu sócio seja católico, podendo pertencer a qualquer credo, desde que respeitem a moral, a propriedade e a família.
O Círculo, continua o Estatuto, não tem cor partidária na política, entretanto seus sócios são livres para se filiarem a qualquer partido, e por não ter fim comercial, todos os benefícios oferecidos, são a preço de custo, sendo a assistência médica, e obstétrica, assim como o Curso de Corte e Costura, oferecidos gratuitamente, sendo ainda de seu programa, auxiliar em dinheiro os pobres, quer sejam sócios ou não.
…
Atente meu caro leitor amigo, para os ideais que norteavam os Homens com “H” que nos precederam, deixando associações regulares para seu funcionamento, prédios com rica arquitetura para abrigar essas mesmas associações, documentos, e mais do que tudo – exemplo para os que viessem após eles seguir.
Deveria ser erigida uma estátua para cada um desses abnegados Rafardenses que naquele memorável dia se reuniram no prédio do número 77 da Praça da Bandeira, onde colocando seus ideais em prol da coletividade, e notadamente em prol dos menos favorecidos, deixaram ao lado seus interesses, para criar o nosso Círculo Operário Rafardense.
Todos, sem exceção, deveríamos nos mirar no exemplo desses Homens, principalmente aqueles que se propõe a entrar na vida pública para levar adiante a melhoria para nossa cidade e seus moradores.
Fica o convite à reflexão a todos nós que amamos nosso pedacinho de chão. Abraço.