O “Fanfulla”, era um semanário domingueiro dirigido especificamente à comunidade de italianos residentes no Brasil, e graças ao jornal esses tantos imigrantes podiam ler sobre os principais acontecimentos da Capital Paulista no seu idioma (língua italiana) e também puderam se manter informados sobre os principais acontecimentos do seu país de origem (Itália) numa época em que os meios de comunicação ainda davam os seus primeiros passos.
Como relatei anteriormente o Cine Paratodos foi pensado para abrigar o Circolo Uniti Italiani, para congregar os imigrantes italianos e seus descendentes, para que tivessem um local para suas reuniões e também eventos em geral para os moradores de Villa Rafard.
Conta-nos o Sr Denizart Fonseca, que na frente do prédio, era comum os imigrantes reunirem-se aos domingos, e sentados formando um semicírculo de cadeiras, convidavam aquele que tivesse mais facilidade para a leitura do “Fanfulla”, que na época era trazido de São Paulo pelo Sr. Paulino Pellegrine, a pedido dos imigrantes italianos.
Todos sentados e em silêncio, vestidos com ternos e chapéu na cabeça, ouviam a leitura do jornal, e lembrando de sua terra e parentes que deixaram na Itália, choravam ao ouvir as últimas notícias, e disfarçavam as saudades, dando baforadas em cachimbos ou cigarros de palha, passavam a mão em seus bigodões, limpando as lágrimas que escorriam pela face.
Houve um tempo em que no espaço do Círcolo Italiani Uniti, chegou a ter pista de patinação, onde a criançada divertia-se, foi também local onde eram praticadas lutas de boxe, sem contar que em seu interior inúmeras peças de teatro foram apresentadas pelas companhias de teatro do próprio local.
Segundo nos relata ainda o Sr Denizart, existia nos fundos do prédio, duas pistas de bochas, esporte muito popular entre os antigos italianos, onde passavam-se horas de diversão.
Existiu uma família que ficou famosa por confeccionar uma espécie de “alpargadas” feitas de cordas, e que acabou por incorporar ao apelido da família que passaram a ser chamada de a família dos “paragateiros”, e que eram vendedores de paçoquinha, amendoim torrado, balas, nos dias de exibições de filmes ou outros eventos que movimentava os moradores da cidade.
Se fossemos relatar aqui, tudo que Rafard já teve de bom, e que vale a pena recordar, este espaço ficaria pequeno. Mas dentro do pouco que conhecemos, e daquilo que nos é passado por quem viveu época tão mágica, e que por isso vale a pena recordar, iremos transcrevendo aqui os relatos que enriquecem nosso conhecimento, para que não caia no esquecimento.
Não nos esqueçamos que um povo sem memória é um povo sem história.
Grato pela leitura. Semana que vem, voltamos, se Assim Deus aprouver. Abraço.
COLUNA de autoria de Rubinho de Souza
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