Foram abordados temas atuais e polêmicos, como a avaliação de crianças com dificuldades de aprendizagem e a postura ética dos profissionais
O campus I do CEUNSP, em Itu, recebeu na quinta-feira, dia 21, o Encontro do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP SP 06) – subsede de Sorocaba. O evento aconteceu no Auditório da Reitoria e reuniu cerca de 20 profissionais na área e 100 alunos do curso de Psicologia do CEUNSP, além de professores da Instituição.
De acordo com Rosana Cathya Ragazzoni Mangini, coordenadora da subsede de Sorocaba do CRP, o encontro serve como uma preparação para o Pré-Congresso de Psicologia (que acontece dia 16/3 em Sorocaba) e o Congresso Regional de Psicologia (entre os dias 26 e 28/4 em São Paulo). “É uma iniciativa de descentralização do CRP. Estamos fazendo vários encontros como este que vão gerar propostas para serem votadas nestes congressos”, informa.
O evento no CEUNSP teve como eixo central os temas Avalição Psicológica, Ética e Direitos Humanos, e contou com três palestrantes. A professora universitária e psicóloga Gislayne Cristina Figueiredo Vasquez contou sua experiência de trabalho no Ministério Público de Sorocaba, abordando o tema “Avaliação Psicológica no Contexto Jurídico”.
Ela falou sobre as técnicas e instrumentos que utiliza nas avaliações, como testes psicológicos e observação, e destacou o contexto e a postura do avaliador. “Mais que julgar, é preciso identificar maneiras das pessoas se ajudarem, para compreenderem o problema que estão vivendo”, aponta.
Já a psicóloga Beatriz de Paula Souza, do Instituto de Psicologia da USP e integrante do Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade, abordou a atribuição cada vez maior de doenças às crianças que apresentam dificuldades no aprendizado, mas que na verdade podem advir de dificuldades produzidas pelo próprio funcionamento do sistema de ensino.
Conforme disse, o psicólogo precisa desenvolver um olhar e maneiras de atuar que levem a encontrar o papel da escola no contexto do problema do aluno. “Leva-se muito em conta a criança e a família, sem levar em conta a escola, que também faz parte do contexto. Se não fizermos isso, não estaremos sendo éticos e coniventes com a culpabilização”, alerta. Diagnósticos de déficit de atenção, hiperatividade e dislexia, em que são usados medicamentos, muitas vezes perigosos na opinião da psicóloga, na verdade podem ter origem ou participação da própria escola e cabe ao psicólogo fazer uma avaliação correta.
Não menos polêmico e também muito importante para a formação dos novos profissionais foi o assunto tratado pela psicóloga Patrícia Unger Raphael Bataglia, conselheira do CRP, que palestrou sobre os cuidados éticos na avaliação psicológica, especialmente em relação aos direitos humanos. Para ela, é preciso ter um maior cuidado por parte dos profissionais da área. “Não são só as teorias e as técnicas que devem ser levadas em conta numa avaliação. É preciso ter cuidado ético”, disse.
Como exemplo, ela cita a produção de documentos, como um relatório, em que são necessários alguns cuidados, como não emitir uma conclusão taxativa, mas sim descrever como o indivíduo está em determinado momento. Outro caso frequente é o de profissionais que tratam abertamente sobre um determinado paciente, inclusive com declarações repercutidas pela mídia. “Jamais um psicólogo pode falar em público de um caso específico, sendo ou não seu paciente. Pode sim falar de quadros psicológicos”, aponta. Casos assim acabam gerando processos éticos. Segundo ela, atualmente, no estado de São Paulo, há cerca de 400 casos sendo analisados pelo Conselho Regional de Psicologia.
Para a professora Ana Maria Bearzotti de Souza, coordenadora do curso de Psicologia do CEUNSP, o Encontro foi de extrema importância e muito enriquecedor para os alunos, por reforçar muitos dos conteúdos que são abordados em sala de aula e por aproximar os estudantes do seu futuro órgão de classe, o CRP. “O encontro trouxe contribuições à formação dos alunos e destacou temas que têm recebido atenção da categoria através de muitos debates. Com isso, tivemos a possibilidade de participar dessa discussão no curso com profissionais reconhecidos e que trouxeram importantes considerações”, avalia.
O CEUNSP é um dos maiores complexos educacionais do País, com mais de 15.000 estudantes em 132 cursos, turnos e habilitações do Jardim da Infância à Pós Graduação. Com tradição de 55 anos, notabilizou-se por um ensino de excelência na formação de profissionais, com qualidade comprovada nas avaliações do MEC.