Marcel Capretz

Categoria de base para que?!

31/01/2018

Categoria de base para que?!

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Discutir formação no futebol é algo muito complexo. A visão deve ser sempre sistêmica e, obviamente, complexa. Quero pegar neste texto, porém, apenas o topo de qualquer atividade que é o propósito, o por que. Qual o objetivo que um clube tem para manter em suas fileiras categorias sub-11, sub-13, sub-15, sub-17 e sub-20?

A grosso modo, vejo duas situações óbvias: ou você revela jogadores para atuar no seu time profissional ou para vende-los.

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Entendo que não há nada de errado em nenhuma das duas situações. Porém vejo que há determinados papéis para cada instituição dentro da indústria futebolística. Um clube-empresa, por exemplo: sem uma massa de torcedores, uma história e uma imprensa por perto. Obviamente, esse clube vai formar jogadores para vende-los. De preferência para o mercado externo.

Mas fica incoerente um clube grande adotar esse expediente. Já me incomoda demais a maioria estar sempre sem dinheiro, apesar da arrecadação estar cada vez maior. Mas há raras exceções. E dentro dessas exceções, não entrando no mérito da administração esportiva, o Flamengo, por exemplo, se desfaz de um jogador como Felipe Vizeu, que mal jogou no profissional, e cogita-se com o valor arrecadado contratar Henrique Dourado, um jogador que dentro de uma já longa carreira teve poucos momentos de brilho. Faz sentido gastar dinheiro com formação para esse fim?

Ou o São Paulo ter negociado David Neres com menos de dez jogos no profissional. E depois vendido Luis Araújo e Lyanco. Para na sequência dos meses contratar Petros, Jucilei, Diego Souza, Anderson Martins Trellez, etc. Veja a diferença: em 2018, o São Paulo poderia ter um ataque com David Neres e Luiz Araújo. Dois jogadores formados na base. Mas quem vai jogar são dois atletas de fora, na casa dos 30 anos, Trellez e Diego Souza. Para que investir no CT de Cotia, então?! Para vender rápido, barato e contratar jogador se encaminhando para a fase final da carreira?! Sinceramente, não consigo ver lógica.

Para não ficar apenas apontando problemas, penso que as categorias de base devam formar o coração de todo clube. A cabeça, que é o profissional, deve ter uma filosofia de jogo, baseada na história e cultura da instituição. Um modelo de jogo que seja conduzido com constância ao longo dos anos, independentemente do técnico que chegue. E a partir disso, identificar qual o tipo de jogador em todas as suas esferas, técnicas, táticas, físicas e emocionais, que se queira formar para utiliza-lo no alto rendimento profissional. E se a venda for inevitável, e em muitos casos é, que ela seja feita por valores condizentes com a real qualidade do jogador e após anos de atuação no time de cima. E não com menos de dez jogos.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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