Opinião

Caráter: identidade de grandes brasileiros

06/02/2015

Caráter: identidade de grandes brasileiros

Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)
Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)

Artigo | Por Leondenis Vendramim

O historiador e diplomata Arnold J. Toynbee (1889-1975) que vivenciou as atrocidades das duas grandes guerras mundiais escreveu, que a sociedade soçobrava por carências espirituais e não por falta de ciência, ou razões econômicas, pois ela negou sua ascendência espiritual e rejeitou como obsoletos os valores morais, que fizeram sua passada grandeza, como o ramo, cortou-se da videira verdadeira. Em outras palavras o historiador mostra que à medida que a sociedade adotou a ciência como deus, perdeu sua moral. Ainda é verdadeiro o provérbio: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Sl 111:10). O bom caráter é oriundo de Deus.

Embora esta sociedade se caracterize pelo ateísmo, incredulidade e imoralidade o homem moderno sabe apreciar a generosidade, a bondade, gentileza, honestidade. Nossa história tem relatos de feitos morais altissonantes de grandes homens. Em 1848, o Marquês de Lisboa, mais tarde Almirante Barroso, a bordo de um navio a vapor, recém-construído, o D. Afonso, no Canal Inglês, foi informado de que o vapor americano Ocean Monarch estava em chamas. O Marquês mandou acelerar seu navio, mas não pôde se aproximar devido às chamas. Para salvar os viajantes, Jerônimo, um marinheiro, atirou-se ao mar com uma corda, nadando, com risco de morte, amarrou-a na corrente do 0cean. Num incansável vaivém conseguiu salvar 156 passageiros e marinheiros. Reconhecido, o Imperador enviou 100 libras esterlinas para dividir entre a tripulação. O Marquês reuniu os seus homens, leu o ofício do Imperador e por sua sugestão, decidiram doar o dinheiro para os náufragos do Ocean Monarch, que tinham perdido tudo. Em 1852, numa noite de tempestade, o Almirante saiu de casa para comprar remédios para sua esposa doente. Ao passar pela praia do Flamengo, mar revolto, ouviu gritos de socorro. Ele lançou-se ao mar e salvou a dois negros que caíram de uma canoa – nesse tempo, escravos eram de nenhum valor.

Publicidade

Li o livro “Confiteor” de Paulo Setúbal, o escritor tatuiense, no qual ele relata a história de sua mãe, viúva, pobre, que tinha uma única riqueza, um anel que ganhara de seu esposo. Paulo foi acometido de tuberculose, na sua mocidade. Não tinham recursos para o tratamento, que requeria internação. Sua mãe tirou o anel do baú, vendeu sua última lembrança do marido, vendeu-o, e com o dinheiro, conseguiu internar seu precioso filho no sanatório de S. José dos Campos. Salvou seu filho. Em troca ficou com as necessidades de comida.

O bom caráter não se revela pelo sucesso empresarial, nem pela riqueza, ou pelo cargo na sociedade, mas pelos gestos de altruísmo, benevolência, e humildade. Muitas vezes requer que sacrifiquemos o comodismo, dinheiro, tempo, e negar o “EU” para atender às necessidades de nossos semelhantes mais carentes.

Neste sentido Jesus Cristo é nosso grande exemplo, pois sendo Deus, permitiu-Se tornar homem, nascendo de uma virgem, vivendo Sua juventude em prol dos homens: curou cegos, leprosos, e outros deficientes, alimentou famintos e Se humilhou a ponto de ser espancado, coroado com espinhos, e pregado numa cruz como se fora o pior dos bandidos, enfim morreu para perdoar e dar vida aos pecadores como eu e você, leitor. Imitar a Cristo é o dever do cristão. Caráter cristão inclui levar cura, dessedentar, alimentar o faminto, levar paz aos lares esfacelados. Não é o título de religioso, mas a prática da religião. Isto requer uma transformação de coração, mudança no íntimo e não no exterior. Jesus disse que para isto “É necessário nascer de novo, nascer do Espírito Santo” (João 3:3,5). Tirarei de vós o coração de pedra e dar-vos-ei um coração de carne” (Ez 36:26).

Claro é que Deus nos dá instrução e poder para nossa transformação, contudo de nós é requerido muita luta contra nossa aspereza, violência, vícios, enfim contra os nossos defeitos de caráter. Você está disposto a mudar para ter mais paz no seu lar? Deus está ao seu lado.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo