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Caramujos africanos voltam a assustar população de Rafard e Capivari, e moradores reclamam

27/02/2015

Caramujos africanos voltam a assustar população de Rafard e Capivari, e moradores reclamam

Nas redes sociais, pelo menos 40 pessoas disseram estar enfrentando problemas com a proliferação do molusco exótico nas duas cidades
Moradora do Jardim Maria Amélia, em Capivari, enfrenta problemas com caramujos africanos há anos (Foto: Elaine Cavachini Almeida/Arquivo pessoal
Moradora do Jardim Maria Amélia, em Capivari, enfrenta problemas com caramujos africanos há anos (Foto: Elaine Cavachini Almeida/Arquivo pessoal)

RAFARD E CAPIVARI – A advogada Tayene Parazzi Rodrigues Moreira, de 22 anos, levava o filho Matheus, de cinco anos, a pé até a escola, na sexta-feira, 20, quando passou ao lado de um lote em frente à outra escola, no Centro de Rafard, e deparou com vários caramujos africanos. “Meu filho até falou: ‘mãe, cuidado com o caramujão’.” E eles não foram os únicos a encontrarem o molusco em quantidade na última semana.

Cansado de ver o animal se proliferando no terreno ao lado e cruzando o muro para invadir sua casa, também no Centro, o engenheiro Paulo Thomás Rossi protocolou um pedido na Prefeitura na quinta-feira, 19, solicitando uma vistoria. “Eu dei cinco dias úteis para eles entrarem em contato e dizerem o que dá para fazer. Isso é falta de limpeza do dono do terreno”, critica. Segundo ele, há mais de 50 moluscos no local. “Vem um rapaz fazer meu jardim e ele tira toda semana [os que entram na residência].”

Em 2014, a Vigilância Sanitária de Rafard recebeu 44 reclamações sobre o aparecimento de caramujos africanos (Achatina fulica) em casas e terrenos baldios do município, segundo o chefe do setor, Celso Cerezer. Neste ano, já foram registrados cinco casos de infestação.

Os rafardenses que encontrarem o molusco vivo devem acionar a Vigilância Sanitária pelo telefone 3496-2168. Contudo, se o animal estiver morto, a limpeza do terreno é de responsabilidade do proprietário do imóvel. “Todas as reclamações recebem a visita de agentes de controle de vetores. Os imóveis são cadastrados e passam a ser visitados regularmente para o emprego do controle químico”, explica Cerezer.

Em Capivari, o surgimento da praga urbana preocupa os moradores do bairro Santo Antônio. “Faz anos que no terreno ao lado da minha casa tem caramujos africanos. Quando chove, eles se espalham por toda parte. Aqui no Santo Antônio está cheio de casos”, afirma a dona de casa Gleide Suely Marchetti, de 58 anos.

O terreno, que pertence ao proprietário de uma loja de cortinas no mesmo bairro, está com bastante mato e com a cerca quebrada, e os vizinhos estacionam caminhões no espaço sem permissão, segundo Gleide. “No ano passado, fiz uma denúncia para a Vigilância Sanitária, que nada resolveu. Depois, em dezembro, recebi um comunicado do Departamento de Fiscalização de Posturas e Meio Ambiente como se o terreno fosse meu e que eu deveria fazer calçada, capinagem e muro. Mas o terreno não é meu.” No mesmo ano, a dona de casa disse que apanhou uma sacola plástica cheia dos caramujos gigantes. “Coloquei sal e cal, amarrei e foi para o lixeiro recolher.”

Ainda no Santo Antônio, a comerciante Gabriela Avilla Travaioli, de 31 anos, enfrenta o mesmo problema há dois anos, por causa de outro terreno. Ela também faz a catação manual dos animais que caem em seu quintal, entretanto não acredita que seja eficaz. “Porque pode levar os ovos para o lixão. Mas não me ensinaram outro método”, diz. O dono do imóvel, por sua vez, nunca tomou providências. “Ele é idoso e tem dificuldade para entendimento. Mas é atencioso para nos ouvir”, acrescenta.

O vendedor Roberto Benedito, de 59 anos, realizou o mesmo procedimento que Gleide e Gabriela quando encontrou dois ninhos do animal no quintal de casa, no bairro Engenho Velho, na mesma rua onde acontece a feira livre todas as quintas. “Eles ficam escondidos. Eu tinha um monte de tijolo velho, daí achei dois grandes e os filhotes. Um estava pronto para desovar. Daí eu matei eles, joguei cal e joguei no lixo”, conta. “Esses dias não estou achando nenhum. Mas eu queria que alguém viesse passar veneno. Tem uma horta perto da minha casa.”

A Secretaria da Saúde de Capivari, por meio da Vigilância Sanitária, confirmou o recebimento de reclamações sobre infestações. Em 2014, foram registrados 14 casos de caramujos africanos na cidade. Neste ano, já foram quatro. O molusco é considerado pela União Internacional para a Conservação da Natureza uma das cem piores espécies invasoras de ocorrência mundial.

Isso porque ele é o hospedeiro intermediário de dois vermes que podem causar meningite e problemas gastrointestinais, caso a pessoa entre em contato com a secreção que é produzida. De acordo com a Vigilância Sanitária do município, o animal pode atingir até 15 centímetros e pesar 200 gramas. A espécie chegou ao país na década de 80 como alternativa ao consumo de escargot, mas logo foi descartada e se proliferou.

A comerciante Angela Bellini de Oliveira, de 40 anos, mãe de Murilo, de dois anos, está preocupada com o avanço do caramujo africano em um terreno próximo à creche do filho, na área central da cidade, ao lado da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). “No ano passado eu vi, não gostei e fui falar com o morador. Ele mora na esquina e disse que já havia conversado com a Prefeitura, mas que não adiantou”, diz. “Esses dias não vi nenhum, mas uma vizinha me disse que é porque o mato está encobrindo.”

“Há anos enfrentamos esse problema. Já estive até na Vigilância Sanitária, mas eles me disseram na época que não há o que fazer. Na minha casa está cheio. E eles não resolvem mesmo, é só perda de tempo”, critica a auxiliar de vendas Elaine Cavachini Almeida, de 35 anos, moradora do Jardim Maria Amélia.

A Vigilância Sanitária informou que o controle do caramujo africano em Capivari se resume à catação manual dos animais e dos ovos. Para isso, o morador precisa proteger as mãos com luvas ou sacolas plásticas, esmagar o bicho, enterrar e acrescentar uma colher de cal virgem, para que o solo não seja contaminado. Porém, é importante estar atento para não confundir a espécie exótica com o molusco comum.

“O caramujo africano tem a concha mais cônica e marrom escura com listras, enquanto o jatutá, espécie nativa, possui espiral arredondada e pouco alongada, e sua coloração varia entre marrom e branco, com corpo esverdeado”, explica a secretária da Saúde, Eliane Piai. “Além disso, o molusco nativo repousa sobre o chão ou enterrado. Já o africano é encontrado em pontos altos, como muros e troncos de árvores”, completa.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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