23/03/2015
Capivari também grita!
Artigo | Por Bruno Bossolan
Do orgânico movimento em se multiplicar dividindo as oportunidades, produção cultural e consciências expandidas pelas inúmeras vertentes artísticas, vinga aquilo que é lavrado com união e adubado com dedicação, e não poderia ser diferente com o Grito Rock, um dos maiores festivais de Artes Integradas.
Na primeira convergência realizada em 11 de fevereiro, na Estação Cultura, em Campinas, vários produtores culturais do estado de São Paulo se reuniram para discutir seus respectivos projetos para o Grito Rock e fortalecer os laços com o Coletivo Fora do Eixo, organizador do Festival no Brasil.
Mais de 13 cidades estiveram presentes para debater os meios para captação de recursos públicos, o forte intercâmbio com países da América Latina, ações e atividades que estimulam apoiadores e múltiplas linguagens que, através de oficinas, alicerçam-se na arte urbana e enriquecem cada Grito com a sua própria faceta, tornando-o único e vivencial.
O estreitamento (Hug) das atividades e das iniciativas, multifacetadas por suas infinitas propostas culturais, enriquecem a população e educam o público a consumir de maneira orgânica, tirando as amarras que o prende ao condicionamento apelativo das grandes mídias.
Marcado para o dia 21 de março (sábado), das 10h às 22h, na Praça Central, o evento abordará diversas linguagens, e o multiculturalismo será enaltecido através das ferramentas oferecidas pelo FdE. Originado na cidade pela ACAMUI (Associação Capivariana de Música Independente) e contando com o apoio de produtores independentes, o Grito Rock Capivari oferecerá um dia inteiro de lazer gratuito à população.
Voltado ao sistema de fomento sustentável, O Grito RMC (Região Metropolitana de Campinas), no qual Capivari está inserida, irá abraçar manifestações de todas as cidades circunvizinhas, e escrever na história do festival o ineditismo de se alinhar o interior em um mesmo fluxo, contínuo pelos trabalhos e vigoroso pelo desdobramento dos ideais.
A circulação de artistas locais por essas cidades e o manejo de equipamentos em auxílio dos que ainda carecem de estrutura, seja física ou organizativa, coloca em ebulição o cenário independente e incentiva de maneira direta o desenvolvimento de todos os envolvidos. Uníssono, assim é o Grito Rock.
Cena Independente e Poder Público
O Presidente da Câmara Municipal de Capivari, Júnior Pazianotto, junto ao Secretário de Cultura, Alexandre Della Piazza, abriram as portas da Casa da Cultura ao Presidente da Acamui, Daniel Ap. Bossolan, para viabilizar o Grito Rock na Praça Central de Capivari e ressaltar a parceria entre a Cena Independente e o Poder Público. Também apoiado pelo Prefeito Municipal, Rodrigo Proença, Daniel exaltou a importância de um evento agregador e plural na cidade. “Do ponto de vista cultural, acredito que desperte o interesse, principalmente das crianças e dos jovens, já que não é todo dia que eles veem uma banda de som autoral, uma apresentação artística num contato próximo com a produção das atividades. O formato do Grito Rock é justamente esse, aproximar público e artistas”, declarou Daniel.
De caráter instrutivo, o encontro serviu para sanar as dúvidas pendentes pelos dois lados em relação ao incentivo cultural que se solidifica com tal iniciativa. Organizada por agentes culturais e auxiliada pela Prefeitura, a cena independente obteve a abertura do espaço público para efetivar o evento. “Semeamos o interesse em todas as camadas sociais, principalmente o envolvimento com quem está fazendo. Um final de semana onde as pessoas poderão desfrutar de música, sarau, teatro, atividades e oficinas sem custo nenhum. A Arte também vive em Capivari, apesar do pouco espaço que temos para manifestá-la. O espaço público é indispensável para a circulação artística, e é de extrema importância que a sociedade apoie, compareça e incentive as produções independentes”, finalizou Daniel.
Bandas
A Cena Independente é recheada pela diversidade, e é exatamente por isso que a riqueza de suas manifestações não cessa, distribui-se pelo Brasil profundo alimentando cada canto onde a vontade de fazer é maior do que a aceitação da mesmice. Com o mundo inchado por estilos passageiros, o meio alternativo se prolifera, nutre a economia sustentável e organiza a crescente massa de nichos artísticos. Numa incontrolável simpatia com a riqueza do regionalismo, bandas nascem do underground e se tornam verdadeiras raridades no que diz respeito ao trabalho autoral e singular.
Quatro bandas irão saracotear o bambuzeiro no Grito Rock Capivari, trazendo para o cartão postal da cidade a verdadeira energia de se lutar contra os caprichos alienantes do mainstream. Eletro Doméstico (Rio Claro), Maquiladora (Mogi das Cruzes), Teorias do Amor Moderno (Santo André ) e Brave As Titan (Piracicaba) serão as responsáveis pela tarde musical, marcando o horário dos shows das 13h às 18h.
Atividades
No cronograma, haverá arrecadação de livros para a Biblioteca Municipal, Feira de adoção de cães e gatos, Feira de Artesanato, distribuição de mudas pelo Viveiro Municipal, pintura e exposição dos trabalhos do artista plástico Jozé Grillo, Sarau com inúmeros escritores capivarianos, contando com Flávio de Carvalho, Luis Pereira, José Roberto Abib, Maria Ângela Piai, Bruno Bossolan, entre outros, e que manterá o microfone aberto para quem quiser se expressar artisticamente, dança “Rock Fusion” com Paula Betim Totti e Breno Totti, peça teatral “A Cidade- Fragmentos” com a Cia de Teatro Espaço Arte e Cultura Capivari, cuja professora é Vivian Ui, e a Orquestra de Viola para fechar o Festival em grande estilo. O Grito Rock proporcionará, com o ofício de seus colaboradores, oficinas gratuitas de #Tuiteratura (literatura disseminada pela rede social Twitter), VideoMaker, Arte e Leitura de Imagem, Macramê, Filtro dos Sonhos, Emergências do Cotidiano e Customização de Roupas, além da intervenção urbana Postesia (distribuição de poesias pelos postes e árvores). Todas as Oficinas acontecem das 10h às 12h, e a outras atividades estão programadas com início às 19h e término às 22h.
O Grito
Sem proprietários e patrocinador master, o Grito Rock é um festival colaborativo, baseado em tecnologias livres. Em 2015 acontece no período de 10 de fevereiro a 20 de abril. O formato colaborativo permite que, a cada ano, mais produtores compartilhem experiências e fortaleçam a cadeia produtiva da música local ao mesmo tempo em que o festival amplia seu alcance no “Brasil Profundo”, criando conexões em âmbito global.
O aprimoramento de tecnologias e compartilhamento de experiências são os principais fatores pelos quais os produtores se mantêm conectados, a fim de explorar plataformas de intercâmbio que favoreçam o avanço de tecnologias de desenvolvimento que fomentem culturalmente seus territórios.
Presente em mais de 400 cidades em 40 países e considerado uma das mais importantes ferramentas de disseminação cultural e fomento à pluralidade artística, o Grito Rock é uma imensa vitrine para artistas independentes mostrarem o trabalho autoral e, de antemão, interligarem-se a outros coletivos e eixos culturais.
O “Grito Rock” não é direcionado especificamente para o rock and roll, apenas seu nome se fortificou durante o passar dos anos pela força do evento, por isso ele reúne desde manifestações regionais (como a Dança de Umbigada) até festas populares (blocos de carnaval).
A celebração do manifesto underground será mais empírica do que qualquer outro movimento já idealizado em Capivari. Compareçam, a terrinha de Tarsila respira novamente.
