Quando criança os refrigerantes eram na maioria de fábricas regionais, e Rafard era privilegiada por ter a Fábrica de Refrigerantes Irmãos Braggion (foto), e era muito raro a gente tomar refrigerantes como fazemos hoje, pois na verdade nossos pais compravam quando tinha um evento importante na família, ou nos finais de ano.
E pela raridade que era termos um refrigerante todo somente para nós, quando nos era dado aquela garrafinha simpática que todos conheciam por “caçulinha”, para que pudesse saborear bem devagarinho, a mania da criançada era furar com um prego a tampa da garrafinha para ela durar mais, e tinha alguns moleques que chacoalhavam bastante a garrafinha e depois esguichava a espuma que formava na boca! Mas isso era difícil de fazer, porque tinha que ter coordenação motora pra não afogar!
Na venda da Fazenda Itapeva, não tinha geladeira então a caçulinha era tomada em temperatura ambiente, mas mesmo sem gelo dá saudades do sabor das famosas caçulinhas do Braggion, que meu nono Guido sempre tinha na venda dele.
Quando chegava à noite, era sagrado, eu ia pegava uma caçulinha, e um pedaço de queijo duro e ia comer assistindo TV, e por falar em queijos, nem de longe os de hoje conseguem chegar aos pés dos que existiam na época e eram armazenados em televisões de rato, que era uma caixa de madeira com portinha e trinco, que no lugar dos vidros, eram colocadas telas de metal, para impedir a entrada de moscas. Os queijos armazenados dessa forma tinham um sabor inigualável por respirar o ar sem contaminação.
Mas relembrando isso, que me ensinaram, tomar a caçulinha furada no prego, chego à conclusão que passei o conhecimento pra frente, pois em São Pedro um amigo conseguiu comprar de um distribuidor, uma caixa de cascos de caçulinha, então quando quisesse era só trocar, e pude matar a vontade de fazer isso, ensinando ao meu filho, e fazendo brincadeiras maliciosas com amigos, que nem faziam ideia o que era tomar no furinho.
Na verdade, meus amigos desconheciam, pois não tiveram essa experiência que é coisa de interior, mas o mais legal foram os filhos de um grande amigo, o Delgado, que quando voltaram pra lá, queriam tomar no furinho, mas infelizmente, como era final de ano, não tinha mais no depósito, mas ainda bem que na padaria de um amigo nosso pudemos comprar algumas para satisfazer a vontade das crianças, relembrando isso acabo sentindo a alegria de ter passado pra frente algo que estava esquecido.
Hoje os filhos dele e o meu não são mais crianças, mas garanto que nunca mais esqueceram o guaraná no furinho!
(Colaboração de Jr Quibao, em publicação no Grupo Rafard – Do Fundo Do Baú)
COLUNA de autoria de Rubinho de Souza
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