O sangue do cordão umbilical contém células-tronco, o que aumenta as chances de pacientes encontrarem um doador compatível para o transplante de medula no País
O Brasil vai contar com mais quatro novos bancos públicos de sangue de cordão umbilical até 2016. O sangue do cordão umbilical contém células-tronco, o que aumenta as chances de pacientes encontrarem um doador compatível para o transplante de medula no País. Somente 30% dos pacientes encontram o doador na família, e cerca de 70% depende dos bancos públicos. Atualmente, mais de mil brasileiros estão à procura de um doador compatível.
Segundo o diretor do centro de transplantes do Instituto Nacional de Câncer José Gomes Alencar (Inca), ligado ao Ministério da Saúde, Luis Fernando Bouzas, o sangue de cordão umbilical pode curar até 80 doenças. “O sangue do cordão umbilical tem células-tronco com características diferentes que vão atender essas pessoas que não tem o doador na sua família. São pacientes com leucemia, doenças genéticas graves que atingem a medula óssea, o sistema imunológico com linfomas e alguns tipos de tumores, ou seja, cerca de 80 doenças diferentes pelo menos se beneficiam do transplante de medula óssea”.
Luis Fernando Bouzas lembra que antes da doação do sangue de cordão umbilical a mãe do bebê passa por uma série de exames. “As gestantes têm que ser acompanhadas no pré-natal, com exames para que não haja infecção e doenças que possam ser transmitidas pelo sangue. Se a gestante concordar com a doação do material para um banco público, ela vai assinar um termo de consentimento”.
Atualmente, no Brasil, 12 bancos públicos que armazenam o sangue do cordão umbilical estão em funcionamento. Já são mais de dez mil unidades armazenadas em todo o País. Do total, cerca de 150 já foram utilizados em transplantes desde 2001. A construção e a manutenção das unidades faz parte da parceria do Ministério da Saúde com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES). Para a construção, serão investidos R$ 23 milhões.
Como se tornar um doador de Medula Óssea
Para se cadastrar, basta que o candidato tenha entre 18 e 55 anos e apresente boa saúde. O cadastro pode ser feito em um dos hemocentros do País. É feita a coleta de uma amostra de sangue de 5 ml para testes que determinam as características genéticas que são necessárias para a compatibilidade entre o doador e o paciente.
Os dados são inseridos no cadastro do Registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea (Redome) e, sempre que surgir um novo paciente, a compatibilidade será verificada. Uma vez confirmada, o doador será consultado para decidir quanto à doação. É recomendado, no entanto, que o candidato à doação esteja ciente do que se trata ao fazer o cadastro para evitar desistências ao ser convocado.
Existem três tipos de doação de medula: o de coleta de medula direto do osso da bacia, transplante de sangue periférico e o de utilização de cordão umbilical. A equipe médica é que define qual o melhor jeito de realizar a doação. O método mais comum é o de coleta da medula direto do osso. Nesse procedimento, fica garantida a quantidade suficiente de medula para realização do transplante. Ele é feito em centro cirúrgico, sob anestesia peridural ou geral, e requer internação por um mínimo de 24 horas. Normalmente, os doadores retornam às suas atividades habituais depois da primeira semana.
Em alguns casos o transplante de medula óssea é a única esperança de cura para muitos portadores de doenças do sangue.
Relatório
O Relatório de Produção dos Bancos de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário para Uso Autólogo está disponível para consulta no Portal da Anvisa e apresenta dados de produção de 2010, além de atualização das informações referentes aos anos de 2003 a 2009.
Segundo o relatório, no ano de 2010, os bancos atingiram o quantitativo de 18 serviços instalados no País: dois na região Centro-Oeste, dois na região Sul, três na região Nordeste e onze na região Sudeste.