03/02/2017
Bipolarização em São Paulo
ARTIGO | Palmeiras e Santos são, para mim, os dois melhores times do Brasil. Reconheço as forças de Flamengo e Atlético-MG, mas palmeirenses e santistas estão a frente e com um detalhe: em momentos distintos, porém com um potencial de crescimento enorme.
Pelos lados do Verdão, há uma transformação no jeito de jogar. E por mais incrível que isso possa parecer, já que o clube é o atual campeão brasileiro, pouco a pouco as ideias de jogo que trouxeram o caneco máximo do Brasil ao Palestra Itália após 22 anos, serão substituídas. Eduardo Baptista pensa o jogo diferente de Cuca.
O Palmeiras foi campeão brasileiro em 2016 tendo como marca registrada um ataque direto, marcação pressão no portador da bola, muita intensidade com e sem a bola e perseguições individuais aos adversários. Esquema tático é algo cada vez mais obsoleto e menos estático, mas para os que gostam de números, atuava-se no 1-4-3-3.
Já Eduardo Baptista tem como marca o 1-4-1-4-1. Os times dele “gostam” mais de ter a posse de bola através de passes de controle (para o lado e para trás) as triangulações e apoios são uma marca registrada e a marcação no momento defensivo é por zona.
Entenda que não exista modelo de jogo melhor ou pior. Tudo depende das características dos jogadores e da qualidade dos treinamentos para que a equipe possa assimilar e colocar em prática os conceitos pretendidos nas quatro fases do jogo – ataque, defesa, transição ofensiva e transição defensiva.
Já o Santos vive um momento oposto. De consolidação e aperfeiçoamento das ideias do técnico Dorival Júnior, que está no cargo há um ano e meio. A tendência da manutenção de uma filosofia é sempre a melhora. Resultado é o sinônimo de competência menos interferência. E ao que tudo indica, Dorival tem minimizado bem as interferências de relacionamento e pressão, tão comuns no futebol.
O Peixe joga e podemos tirar até seu lindo uniforme de seus jogadores que continuamos sabendo que são eles que estão em campo. Tudo porque há no futebol do time conceitos e padrões muito claros e bem definidos. Sabemos que Renato, por exemplo, ora estará na linha defensiva iniciando as jogadas ao lado dos dois zagueiros, ora trocará de função com Victor Ferraz e aparecerá na lateral-direita e em outros momentos estará próximo a área adversária, auxiliando o ataque santista no seu terço final de campo. Lucas Lima flutuará por todo os setores, Ricardo Oliveira quando não estiver na área, vai se movimentar para abrir espaço a outros jogadores. Até o goleiro Vanderlei, sabemos como vai se comportar: raramente, haverá chutão; a primeira opção é sempre sair jogando.
O Palmeiras perdeu Gabriel Jesus, mas se reforçou muito bem. O zagueiro Antônio Carlos, o volante Felipe Mello e os meias-atacantes Guerra e Willian darão ainda mais qualidade ao grupo. O Santos não perdeu ninguém e também foi cirúrgico nas contratações: o zagueiro Cléber, o volante Leandro Donizete e o atacante Bruno Henrique darão qualidade e opções a Dorival Júnior.
A rivalidade entre Peixe e Verdão já é grande. Nos últimos dois anos, se acentuou e 2017 promete ser ainda maior! Ninguém ganha de véspera. Vitórias são construídas com visão, estudo e boa execução. Estou ansioso para acompanhar a evolução de ambos os times. O futebol agradece.