No N.T. a palavra correspondente à hebraica “sheol” é “hades” com o mesmo significado, lugar aonde vão os mortos inconscientes e ficam à espera da ressurreição, no dia da volta de Jesus. Na mitologia grega Hades era o deus do mundo subterrâneo, que se dividia em duas regiões: Elísios (paraíso) e Tártaro (tormento), separadas por uma planície (onde as almas, nem boas, nem ruins aguardam por melhorias e consequentemente, o Elísios.
Com a helenização os judeus passaram a traduzir hades por inferno com a noção de lugar de tormento eterno para os impenitentes, por paraíso para os fiéis arrependidos, e purgatório para aqueles que ainda teriam o que melhorar espiritualmente. Porém, hades, significa lugar debaixo da terra (Mt 11:23).
A ideia clara deste versículo é de que o céu está na altura e inferno na profundeza da terra, como a sepultura); “…não deixarás a minha alma na morte (hades), nem que o Teu Santo veja a corrupção… a Este Jesus Deus ressuscitou” (ver At 2:27,31-32).
A palavra hades é traduzida por sepultura, além, inferno, morte. Jesus ressuscitou no terceiro dia, Seu corpo não teve corrupção. Como Cristo venceu a morte Paulo conclui: “Onde está, ó morte (hades) a tua vitória” (1 Cor 15:54)? O próprio Jesus, exultando declarou: “… estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves do inferno (hades). João escreveu: “… A morte e o além (hades) entregaram os mortos que nele havia.
E foram julgados, um a um, segundo suas obras. Então a morte e o inferno (hades) foram lançados dentro do lago de fogo… (Ap. 20:13-14). Ora, se o inferno (hades) fosse um lugar de fogo para queimar os ímpios, como lançar o fogo no fogo? Esta explanação é aplicada para mostrar o fim da morte e da sepultura.
O senhor fez o corpo do homem de terra, soprou no nariz humano o fôlego de vida e o homem se tornou numa alma vivente, portanto, o homem não tem uma alma, ele é uma alma viva. Foi criado com várias habilidades: física, mental, moral, espiritual, social, musical… com capacidade de expandi-las. Deus criou o ser humano holístico, indivisível, não se consegue separar, a não ser teoricamente, o ser moral do físico, o físico do espiritual, ou, do social, do moral… A ideologia “alma e corpo” como entidades vitais independentes são procedentes da filosofia grega, contrária aos ensinos bíblicos. Segundo a Palavra de Deus, a alma não sobrevive fora do corpo.
Se na morte a alma se separasse do corpo e fosse ao céu (paraíso) ou para o inferno (tormento com fogo eterno) não haveria necessidade de julgá-los, nem de ressuscitá-los. Nem haveria necessidade de Jesus vir buscar os justos, pois já estariam no céu; e nem existiria um fogo no findar da história deste mundo para aniquilar os ímpios (1 Cor 15; 1 Ts 4:16-17; Ap 20:13-15), já estariam queimando no inferno.
E como aceitar, que o Deus, que é amor (1 Jo 4:8) seja tão injusto, cruel e insano, a ponto de lançar no fogo e ficar assistindo por milênios sem fim, o sofrimento de alguém, que teria vivido 100 anos ou mais, no pecado, sendo queimado, sem conseguir morrer.
Diz a Bíblia que o homem é uma alma composta dos elementos da terra mais o fôlego que Deus lhe soprou, aliás, tudo o que comemos é proveniente da terra, e respiramos (Gn 2:7). O termo alma, do latim “anima” significa sopro vital, ar. Sem ar a alma morre.
Na morte, o ar sai e se mistura com outros gases, e o corpo se desfaz, mistura-se com a terra. Quando, na ressurreição, Deus comporá os corpos à semelhança do de Jesus ressurreto (1Jo 3:2; 2 Cor 3:18) para viverem eternamente (Jo. 6:51) nesta terra transformada num paraíso (Ap 21:1-4).
A alma não é imortal, ela morre (Ez 18:4). Os homens são em si mesmos como os animais, o que acontece ao animal, acontece ao homem, todos morrem e vão para o mesmo lugar, todos têm o mesmo fôlego e o mesmo corpo; ninguém pode afirmar que após a morte, o homem sobe e o animal desce para baixo da terra (Ecl 3:18-21). “Muitos teólogos e eruditos bíblicos do peso de John Scott, Michael Green, John Wenham, Philip Edgcumbe Hughes, Clark Pinnok e Oscar Cullmann, entre outros, têm se afastado da posição protestante tradicional sobre o destino da alma, para uma adesão ao ensino bíblico.
Clark Pinnok, em seu aclamado “Four Views of Hell” fala… existem boas razões para questionar o tradicional ensino da imortalidade da alma e a existência do inferno… a Bíblia não ensina isto” (ThD. Amin A. Rodor. Prefácio de Imortalidade ou Ressurreição. Samuele Bacchiocchi).
ARTIGO escrito por Leondenis Vendramim, professor de Filosofia, Ética e História. Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal. São de inteira responsabilidade de seus autores.